sexta-feira, julho 08, 2005
A crua realidade do terrorismo
“Se vocês bombardearem as nossas cidades,” dizia Osama Bin Laden, num dos seus mais recentes vídeos, “nós bombardearemos as vossas.” Era pois evidente que os ingleses estavam literalmente na linha de mira desde que Tony Blair decidiu juntar-se a Bush na sua “guerra contra o terror” e na sua invasão do Iraque. Foram avisados.
Não serve pois de nada o enérgico discurso de Blair afirmando que “eles não vão conseguir destruir o que nos é caro”. O objectivo “deles” nunca foi tentar destruir “o que é caro” aos ingleses. Eles estão apenas a tentar fazer com que a opinião pública britânica force Blair a retirar-se do Iraque, da sua aliança com os Estados Unidos e da sua colagem às políticas de Bush no Médio Oriente, como fizeram com os espanhóis – a prova é que as bombas de Madrid alcançaram esses objectivos.
É fácil para Tony Blair classificar os atentados de ontem como “barbaridades” – é claro que foram – mas o que foram as mortes de tantos civis provocadas pela invasão anglo-americana do Iraque, as crianças extirpadas pelos bombardeamentos, os inúmeros inocentes iraquianos abatidos nos checkpoints militares americanos? Quando eles morrem, são “danos colaterais”, quando morremos nós é o “terrorismo bárbaro”.
Se nós vamos combater a insurgência no Iraque, o que é que nos leva a pensar que a insurgência não virá um dia até nós? Uma coisa é certa: se Tony Blair acredita realmente que ao “combater o terrorismo” no Iraque está a proteger mais eficazmente a Grã-Bretanha – combatê-los lá, antes que eles venham até cá, como Bush costuma dizer – ontem, esse argumento deixou de fazer sentido.
(excerto de um artigo de opinião de Robert Fisk)
:: enviado por JAM :: 7/08/2005 08:38:00 da tarde :: início ::