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sábado, julho 09, 2005

O ópio do povo não existe

A Índia é o maior produtor mundial de ópio legal, a matéria-prima a partir da qual se fabricam a codeína, a morfina e outras substâncias analgésicas. No entanto, a corrupção e a burocracia fazem com que milhares de doentes indianos necessitados permaneçam no sofrimento e na agonia. Um paradoxo que o Los Angeles Times denuncia num longo inquérito.
A Índia, que produz ópio desde há séculos, tenta controlar ao máximo a sua produção no circuito legal. Com o intuito de afastar a criminalidade, o governo federal e os dos Estados provinciais indianos mantêm sob controlo todas as etapas do processo, da cultura da papoila até ao armazenamento e transporte dos medicamentos anti-dor dela derivados. No Inverno passado, mais de 78 mil cultivadores registados produziram cerca de 483 toneladas de ópio. Cerca de 84% foram exportadas, principalmente para laboratórios farmacêuticos nos Estados Unidos, o maior importador de ópio do mundo.
Apesar desse controlo rigoroso, a Índia não escapa ao tráfico ilegal e ao crime organizado assente sobre a corrupção dos polícias e dos políticos. Além disso, os médicos e os farmacêuticos queixam-se que as autoridades encarregadas de emitir as autorizações oficiais para produzir o ópio não atendem o telefone, estão raramente nos seus postos e deixam arrastar as coisas. Por causa desse labirinto burocrático, os hospitais acabam por esgotar as suas provisões de morfina. Como resultado, os doentes indianos mais afortunados viram-se para os medicamentos caríssimos importados dos Estados Unidos, muito mais fáceis de encontrar que a produção de morfina local.

:: enviado por JAM :: 7/09/2005 11:52:00 da manhã :: início ::
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