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quinta-feira, agosto 25, 2005

Come e cala

A China está a reforçar o controlo sobre as emissoras de rádio estrangeiras e a infligir severos controlos sobre a Internet. Os ouvintes e os utilizadores da rede só têm direito a receber música e informações controladas pelo governo. A censura aumentou desde que Hu Jintao chegou ao poder, em especial desde que, na sequência da entrada efectiva na OMC, as exportações chinesas de produtos têxteis deixaram à vista os míseros salários dos trabalhadores e a crise que provocou na indústria de confecções mundial.
Um chinês trabalha 12 a 14 horas por dia, sete dias por semana, sem Segurança Social e ganha um salário médio de 45 euros, dos quais são descontados 23 para alojamento e alimentação. Sobre esta base, a China vendeu na Europa, nos três primeiros meses de 2005, 360 milhões de t-shirts, 240 milhões de calças, 125 milhões de camisolas, 39 milhões de camisas, 25 milhões de vestidos. Em comparação com o mesmo trimestre do ano passado, as vendas multiplicaram-se por seis ou por vinte, conforme os produtos. E os preços baixaram entre 37 e 59 por cento. A Comissão Europeia acaba de anunciar que não concederá mais licenças de importação às t-shirts, soutiens, blusas e calças, provenientes da China, porque em 15 de Agosto foi ultrapassada a quota estabelecida para todo o ano de 2005.
A Europa emprega no sector têxtil à volta de 2,5 milhões de trabalhadores, dos quais cerca de 400 mil perderam o emprego devido ao encerramento de 150 empresas. Os Estados Unidos estão em vias de impor sanções à China, nos próximos três meses, porque a invasão dos têxteis chineses já provocou a falência de 50 empresas e o despedimento de 200 mil dos 700 mil trabalhadores do sector.
O Ocidente vai ter que decidir entre a liberdade do consumidor de comprar barato e o proteccionismo às suas empresas e aos seus trabalhadores. Quanto à China, já decidiu: economia capitalista, política comunista. Come e cala.

:: enviado por JAM :: 8/25/2005 07:52:00 da manhã :: início ::
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