quarta-feira, agosto 10, 2005
A memória e o esquecimento
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Mas ninguém deu ouvidos ao Prémio Nobel da literatura. Na realidade, mesmo as dezenas de milhares de civis petrificados no momento da deflagração, mesmo os sobreviventes irradiados e condenados a sofrimentos sem fim, se dissiparam da memória colectiva. A prova é que os alunos japoneses de hoje são incapazes de indicar com precisão a data do lançamento da bomba de Hiroshima e os monumentos erigidos em homenagem às vítimas são constantemente profanados por estupidez, ignorância ou inconsciência.
Do lado dos americanos, que conceberam, fabricaram e lançaram as bombas, a memória esvai-se do mesmo modo. A evocação do que muitos consideram um crime monstruoso é muitas vezes desculpado e justificado, como um acto de guerra necessário que terá permitido poupar as vidas de inúmeros soldados americanos e japoneses. Este raciocínio estatístico permite assim evacuar a reflexão sobre os massacres modernos e fechar o debate prematuramente num misto de ausência de lucidez e de falta de coragem.
Sessenta anos depois, a humanidade não aprendeu nada, a não ser a sobreviver num precário equilíbrio do terror. Entre as nações, hoje como ontem, na corrida pela posse do fogo nuclear, contam-se a Coreia do Norte, o Irão, o Paquistão ou a Líbia. Todas elas pretendem igualar os primeiros membros do clube nuclear (Estados Unidos, Grã-Bretanha, Rússia, França, China,...) e competir com eles na sua ambição de poder e segurança.
Quem foi que escreveu: “A bomba atómica é demasiado perigosa para ser confiada a um mundo sem lei”? Foi Harry S. Truman (1884 - 1972), o presidente dos Estados Unidos que tomou a decisão de bombardear Hiroshima e Nagasaki. As suas palavras são, mais do que nunca, actuais.
:: enviado por JAM :: 8/10/2005 01:10:00 da tarde :: início ::