BRITEIROS: A memória e o esquecimento <$BlogRSDUrl$>








quarta-feira, agosto 10, 2005

A memória e o esquecimento


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Sessenta anos depois da explosão das duas bombas atómicas sobre as cidades de Hiroshima (6 de Agosto de 1945) e Nagasaki (9 de Agosto de 1945), ressalta cruelmente que nada mudou na reflexão sobre o uso das armas nucleares e o delírio do poder. Passadas seis décadas, é perfeitamente actual o editorial de Albert Camus (1913 - 1960) publicado no Combat um dia após a primeira explosão: “[...] a civilização mecânica acaba de atingir o seu último grau de selvajaria. Vai ser preciso escolher, num futuro mais ou menos próximo, entre o suicídio colectivo e a utilização inteligente das conquistas científicas.”
Mas ninguém deu ouvidos ao Prémio Nobel da literatura. Na realidade, mesmo as dezenas de milhares de civis petrificados no momento da deflagração, mesmo os sobreviventes irradiados e condenados a sofrimentos sem fim, se dissiparam da memória colectiva. A prova é que os alunos japoneses de hoje são incapazes de indicar com precisão a data do lançamento da bomba de Hiroshima e os monumentos erigidos em homenagem às vítimas são constantemente profanados por estupidez, ignorância ou inconsciência.
Do lado dos americanos, que conceberam, fabricaram e lançaram as bombas, a memória esvai-se do mesmo modo. A evocação do que muitos consideram um crime monstruoso é muitas vezes desculpado e justificado, como um acto de guerra necessário que terá permitido poupar as vidas de inúmeros soldados americanos e japoneses. Este raciocínio estatístico permite assim evacuar a reflexão sobre os massacres modernos e fechar o debate prematuramente num misto de ausência de lucidez e de falta de coragem.
Sessenta anos depois, a humanidade não aprendeu nada, a não ser a sobreviver num precário equilíbrio do terror. Entre as nações, hoje como ontem, na corrida pela posse do fogo nuclear, contam-se a Coreia do Norte, o Irão, o Paquistão ou a Líbia. Todas elas pretendem igualar os primeiros membros do clube nuclear (Estados Unidos, Grã-Bretanha, Rússia, França, China,...) e competir com eles na sua ambição de poder e segurança.
Quem foi que escreveu: “A bomba atómica é demasiado perigosa para ser confiada a um mundo sem lei”? Foi Harry S. Truman (1884 - 1972), o presidente dos Estados Unidos que tomou a decisão de bombardear Hiroshima e Nagasaki. As suas palavras são, mais do que nunca, actuais.

:: enviado por JAM :: 8/10/2005 01:10:00 da tarde :: início ::
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