BRITEIROS: Não é só o Alberto João <$BlogRSDUrl$>








sexta-feira, agosto 05, 2005

Não é só o Alberto João

Após oito meses de luta para adquirir o controlo da nona companhia petrolífera americana, como aqui referimos, o gigante chinês do petróleo Cnooc teve que desistir da compra da Unocal, face à oposição cerrada e à histeria anti-chinesa de Washington. Está visto que, quando se trata dos seus interesses, os Estados Unidos já não querem brincar às livres trocas nem à mundialização liberal.
A companhia chinesa acabou por retirar a oferta de compra quando os deputados do Congresso se opuseram à OPA e ameaçaram modificar a legislação americana para tornar impossível a operação. Houve até quem defendesse que a OPA da Cnooc representava um perigo para a segurança americana.
As tensões entre Pequim e Washington estão ao rubro desde que os Estados Unidos procuram limitar as importações de têxteis, de aço e de televisores fabricados na China. Os dirigentes americanos manifestaram-se igualmente contra as falsificações chinesas que invadem o mercado mundial e contra a política monetária de Pequim, que apoia as exportações através duma sub-avaliação cerrada do yuan. Foi sobretudo esta explosão do ostracismo anti-chinês que levou à inviabilização do negócio da Cnooc, que é considerada uma das empresas chinesas mais modernas e ocidentalizadas.
Os analistas económicos constatam que o comportamento dos americanos é extremamente perturbador para todos os que acreditam nas livres trocas e na abertura dos mercados, e advertem para o facto de que a vingança do chinês não perderá pela demora. O governo chinês poderá agora favorecer os negócios com empresas europeias – como os aviões e as turbinas das centrais energéticas – e as empresas chinesas poderão, a partir de agora, multiplicar os acordos com Estados que Washington considera à margem da lei. Os próprios interesses americanos na Ásia poderão vir a estar ameaçados.
Os Estados Unidos foram quem mais encorajou a integração pacífica da China no concerto das nações. Ao contrariarem agora as operações económicas chinesas é caso para perguntar: será que os americanos estão conscientes do que estão a fazer e da crise política que estão a provocar?

:: enviado por JAM :: 8/05/2005 07:59:00 da tarde :: início ::
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