quarta-feira, setembro 28, 2005
A tortura continua
Na mesma altura em que 100 mil manifestantes protestavam em Washington contra a guerra no Iraque, a organização americana de defesa dos direitos humanos, Human Rights Watch, publicava um relatório sufocante para o exército americano sobre as torturas e sevícias infligidas aos prisioneiros da “guerra contra o terrorismo”.
Esse relatório é duplamente importante. Primeiro, porque lança por terra o mito segundo o qual as torturas cometidas na prisão de Abu Ghraib teriam sido obra de algumas “maçãs podres” que agiram por iniciativa própria e teriam cessado após a revelação do escândalo. Segundo, porque permitiu ouvir os testemunhos não de ex-prisioneiros, que estão sempre sujeitos à coacção, mas de soldados americanos.
As técnicas de tortura e de sevícias descritas pelo capitão e pelos dois sargentos que se confiaram à HRW, não são novas: são as mesmas que foram utilizadas nas prisões americanas no Afeganistão, no Iraque e em Guantanamo Bay. Inquéritos levados a cabo por ONGs e alguns jornais ocidentais, depois das revelações de 2004, já tinham provado que elas são práticas sistemáticas. Inquéritos que revelaram também casos de execuções de prisioneiros.
Perante este novo relatório, será que os americanos se vão de novo deixar enganar com mais um julgamento fantochada da soldado Lynndie England?
Ao autorizar o seu exército a perpetrar aquilo que o direito internacional qualifica de “violações graves das leis da guerra”, os Estados Unidos colocam-se na ilegalidade e prejudicam a causa que asseveram defender: a liberdade, a justiça e a democracia face aos “loucos de Allah”. De cada vez que um afegão ou um iraquiano é morto abusivamente ou torturado é uma derrota para a América e para todos aqueles que defendem os valores e a moral que os americanos afirmam encarnar.
O uso da tortura faz Washington perder pontos e oportunidades de ganhar as suas guerras, uma vez que, por cada prisioneiro martirizado, por cada imagem de Abu Ghraib ou de Guantanamo, se levantam dezenas de combatentes contra os Estados Unidos.
:: enviado por JAM :: 9/28/2005 08:38:00 da manhã :: início ::
1 comentário(s):
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Com as críticas vindas do lado da moral,da étuca e do direito,a administração Bush contrapõe a sua m´quina de propaganda e de desinformação. Enche-nos de discursos em directo, dele e de Blair, já sabemos tudo sobre o Likud, sobre a Venezuela e sobre Cuba quem tem dúvidas? ...e por aí foraDe MFerrer, em setembro 28, 2005 9:12 da manhã
Mas o problema joga-se no chão sangrento da realidade: do 11/9 dos quase 40.000 ferido sgraves e de perto de 2000 cadáveres de soldados americanos. E aí o desgaste que sofre a camada de mentiras deixa ver a verdade dos factos.
Como bem escreves acerca de Abhu Grahib ou de Guantanamo, os EEUU vão perdendo a face e a capacidade de enviar ondas de propaganda em que se baseia a intervenção de rapina global!
Convido a ler http://homem-ao-mar.blogspot.com
Estamos em sintonia, felizmente!