BRITEIROS: O aborto <$BlogRSDUrl$>








domingo, outubro 30, 2005

O aborto

Da decisão do Tribunal Constitucional àcerca do referendo sobre o aborto disse Rebecca Gomperts, das Women on Waves: “Interessante que um tribunal considere inconstitucional fazer um referendo mas não violar o direito constitucional das mulheres à saúde e à privacidade.” Eu cá subscrevo a afirmação.
Já sei que alguém há-de contrapor que formalmente está tudo certo, que os senhores juízes decidiram de acordo com as regras, que até só decidiram sobre o timing do referendo, que a decisão, ainda por cima, venceu só por um voto, etc, etc.
E também podem acrescentar que, neste caso, a responsabilidade é mais dos políticos do que do T.C., que eu até concordo.
Mas haja pachorra: andam todos a sacudir a água do capote, a empurrar a decisão de uns para os outros, ninguém assume nada, todos querem ficar bem na fotografia e, ao mesmo tempo, não afrontar a Igreja (e, já agora, o negócio das parteiras clandestinas...).
Infelizmente é típico do "portuga" este querer dar-se bem com Deus e com o Diabo, somos todos uns gajos porreiros, porque é que havemos de estragar o arranjinho de alguém, quem nunca pecou que atire a primeira pedra, até parece que todos temos telhados de vidro, enfim, ainda um dia havemos de dar razão ao outro que se refugiou num alto cargo do exterior escapando àquilo a que chamou de pântano (o Eça de Queiroz, no seu tempo, chamava-lhe choldra)... Pois se agora até o Manuel Alegre declara que não se vai candidatar contra ninguém...

:: enviado por Manolo :: 10/30/2005 12:32:00 da manhã :: início ::
2 comentário(s):
  • O PCP sempre - desde 1984, que foi quando apresentou o 1º projecto lei sobre a IVG - defendeu que o Parlamento é a sede para regular esta questão.

    Quando o Guterres e Marcelo anunciaram o acordo para o referendo, DEPOIS do Parlamento ter aprovado a lei (que assim ficou em stand-by), o PCP denunciou esse acordo como desrespeitador do Parlamento. Fez-se esse primeiro referendo que foi inválido porque só teve 30% de participação e o PCP continuou a defender que o assunto regressasse ao Parlamento, que é a sede legítima.

    Na campanha eleitoral de 2002 o BE, tal como o PCP, defendeu que a sede para discussão era o Parlamento. Só DEPOIS das eleições é que o BE ressuscitou a ideia de novo referendo e arrastou o PS para a petição a exigi-lo. O PCP esteve contra e alertou que o BE andava a criar ilusões porque o referendo não depende nem duma petição nem do Parlamento mas do PR que é quem o convoca.

    Na campanha eleitoral de 2005 o BE teve o mesmo comportamento - defendeu que bastava o Parlamento para resolver a questão, mas logo após as eleições, na noite de 20 de Fevereiro o Louçã veio com a exigência do referendo ao Sócrates.

    O que o PCP disse aconteceu: nem com a petição antes, nem com a proposta aprovada no Parlamento pelo BE e PS vai acontecer para já o referendo. Ora havendo a maioria de esquerda que há, se se tivesse pura e simplesmente tratado a questão no Parlamento, já estava resolvida!

    Antes, o BE dizia que queria o referendo por uma questão de princípio: agora não querem alegando ser um "caso de urgência social"! De repente o princípio pode ir pelo cano abaixo.

    Nesta triste história o PCP foi o único que coerentemente sempre defendeu a despenalização da IVG e o único que não instrumentalizou um drama que afecta tantas famílias. Razão tem o Jerónimo de Sousa quando acha que PS e BE devem desculpas às mulheres pela trapalhada em que se meteram e por não quererem o assunto resolvido com urgência. É que já andamos nestas trapalhadas há mais de 20 anos e quem tem empatado têm sido PP e PSD com a ajuda do PS de Guterres e de Sócrates e do BE.
    João

    De Anonymous Anónimo, em outubro 30, 2005 1:05 da tarde  
  • Caro João:
    De facto, o PCP tem razão neste caso concreto.
    Eu já fui de opinião que, face ao antecedente do 1º referendo, se deveria convocar um 2º. Mas, vendo bem esta telenovela que estão a fazer com ele, eu acho agora que a questão deveria ser já resolvida no Parlamento. Só que, lá está, não há coragem para tanto...falta de coragem, cumplicidades com interesses ocultos, eu sei lá...

    De Blogger Manolo, em outubro 30, 2005 10:37 da tarde  
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