BRITEIROS: Ser ou não ser humanista <$BlogRSDUrl$>








segunda-feira, novembro 21, 2005

Ser ou não ser humanista

“Corre por aí que o Presidente da República terá de ser um humanista. É um requisito novo, do qual nunca se ouviu falar aquando das eleições de Ramalho Eanes, Mário Soares ou Jorge Sampaio, mas que, desta vez, está a assumir foros de coisa importante. [...] Se o assunto está agora a ser trazido à baila, é unicamente porque um dos candidatos, Aníbal Cavaco Silva, foi à partida rotulado, pelo estado-maior do humanismo indígena, como a negação de tudo quanto este entende que devem ser os saberes e competências humanistas.”
(Diogo Pires Aurélio, Diário de Notícias)

Curiosa esta capacidade de argumentação que consiste em começar por dar razão aos opositores (contra factos não há argumentos!) e daí partir para tentar fazer das fraquezas forças. É evidente que, sendo o presidente da República o líder supremo dos seres humanos de um país, seria vantajoso que dispusesse de um mínimo de qualidades humanistas.
É que, ser humanista não é só, como diz Pires Aurélio, acreditar que os problemas se resolvem com palavras. Ser humanista é muito mais do que isso: é defender os seres humanos contra as tiranias desumanas. É procurar melhorar a qualidade de vida de todos. Ser humanista não é opor-se à globalização e à revolução tecnológica, mas é desejar que elas diminuam, em vez de aumentar, o fosso entre os ricos e os pobres. Ser humanista é defender os direitos humanos, o desenvolvimento económico sustentável, o meio ambiente, a paz, a ética, a solidariedade...
É claro que não é necessário ser-se humanista para se ser presidente da República. O mundo está cheio de líderes que não precisaram do requisito humanista para chegarem ao poder. Basta pensarmos em George W. Bush, Vladimir Putine ou Silvio Berlusconi que, não sendo humanistas, são irrefutáveis personalidades que foram eleitas e reeleitas, influentes e respeitadas pela comunidade internacional e que tão bem sabem usar a força (de que muitos portugueses acham que Portugal precisa) e até justificar, quando é necessário, a suspensão dos direitos democráticos assegurados.
Se forem personalidades destas os modelos de líder que os portugueses almejam para seu Presidente da República, então Cavaco Silva é sem dúvida uma boa escolha. Ou não será a democracia, mais do que uma escolha de pessoas, uma escolha de modelos?

:: enviado por JAM :: 11/21/2005 06:41:00 da manhã :: início ::
1 comentário(s):
  • É exactamente assim! E seria bem mais importante que o eleitor percebesse muito claramente "quais são os caminhos" que podem ser trilhados por cada uma das pessoas.

    De Blogger pindérico, em novembro 21, 2005 2:00 da tarde  
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