domingo, janeiro 15, 2006
Uma ardente paciência
Tal como no livro de um dos seus mais ilustres escritores, os chilenos estão hoje numa ardente paciência: espera-se que a “socialista loura”, seja eleita presidente do Chile.
Michelle Bachelet representa a continuidade de um governo que obteve os melhores resultados na Historia do país e conta com o apoio incondicional dos melhores políticos e economistas, que foram obreiros desse sucesso.
Sucessivamente responsável pelas pastas da Educação e da Defesa, essa mulher de 54 anos goza de uma grande simpatia no seio da opinião pública. Filha de um militar torturado e assassinado pela ditadura e torturada ela mesma, o que a levou a passar vários anos no exílio, na Austrália e na Alemanha de Leste, voltou ao Chile para exercer medicina e empenhou-se no movimento associativo destinado a permitir o acesso das classes mais desfavorecidas aos cuidados de saúde. Entre as suas ideias, propõe o aumento das pensões mínimas e novas medidas tendentes à criação de uma associação de beneficiários para melhor gerir os fundos de pensões. Propostas que colocam o liberal Sebastián Piñera, o seu adversário nesta segunda volta, numa posição desconfortável. Piñera é apoiado pelos grandes grupos que controlam os fundos de pensões e que se têm aproveitado bem da expansão dos lucros gerados pelos investimentos desses fundos.
Piñera é um brilhante empresário, accionista da companhia aérea LAN Chile e proprietário de um canal de televisão. A sua ligação ao grande patronato assusta muitos eleitores. Mas também não cativa totalmente a direita pelo facto de ter votado em 1988 contra a ditadura militar de Pinochet. Num dos debates televisivos perguntaram a Piñera o que pensava do regime de Pinochet. A resposta foi que “não tinha sido bom”. Uma resposta destinada a agradar à direita e à esquerda, mas que não parece satisfazer ninguém.
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:: enviado por JAM :: 1/15/2006 10:57:00 da manhã :: início ::