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segunda-feira, fevereiro 13, 2006

Vou falar com o meu Banco

Quando era pequeno tinha uma enorme fascinação pelos ilusionistas. Continuo a ter. Apesar de ter crescido e de ter racionalizado que não há nada de milagroso no ilusionismo e de que se trata apenas de nos deixamos enganar por truques muito bem feitos, não deixo de me maravilhar cada vez que alguém tira um coelho de uma cartola vazia.
Acontece-me o mesmo com a Bolsa. Percebo a ideia, entendo o conceito, conheço os mecanismos. No entanto, e tal como o ilusionismo, fico sempre com a sensação de que o truque é bem feito e que sou incapaz de o repetir.
No ilusionismo desisti há muito tempo: sou daqueles em que mesmo o mais simples truque de cartas acaba com as cartas todas espalhadas pelo chão e se tentar tirar um coelho da cartola acabo, de gatas, à procura do coelho pela sala. Na Bolsa também: quando uma empresa me parece sólida e com futuro, vejo a cotação das suas acções caírem em níveis parecidos com as temperaturas do inverno siberiano. Se uma empresa me parece virtual e sem qualquer razão para existir, as cotações sobem mais depressa que o Space Shuttle em dia de bonança. Pior do que isso, continuo sem perceber o truque que faz com que despedimentos signifiquem aumento de cotações ou o truque para ganhar 20% em dez minutos baseando-se em boatos. Estas evidências fizeram com que as únicas acções que alguma vez possuí, em toda a minha vida, fossem as de uma empresa onde trabalhei algum tempo e onde fui, mais ou menos, obrigado a adquirir uma parte (minúscula) do capital (entretanto esqueci-me que as tinha e agora parece que valem tanto como papel de parede).
Por isso tenho uma enorme admiração pelos ilusionistas. E pelo mundo da Alta Finança. Acho bonito e fico maravilhado. Hoje, curvo-me perante a genialidade do Sr. Belmiro.
Segundo o relato do Expresso, o filho do Sr. Belmiro acordou um dia e apeteceu-lhe comprar a Portugal Telecom. Vai daí foi falar com o pai e este respondeu-lhe: “eh, pá! isso é muita massa!” (entendo perfeitamente. Tenho, frequentemente, o mesmo diálogo com os meus filhos, embora, até agora, nunca tenha sido sobre a PT). Não querendo parecer um cota avarento, o Sr. Belmiro resolveu telefonar ao seu amigo Sr. Botín, que é dono do Banco Santander e que tem montes de massa (o que também denota patriotismo, já que não quis aborrecer nenhum amigo português). Sendo amigos, O Sr. Botín não podia fazer outra coisa se não apoiar o Sr. Belmiro e ajudá-lo a satisfazer o pedido do filho. Daí nasceu a OPA sobre a PT.
É aqui que entra toda a minha admiração pelo Sr. Belmiro (e pelo filho, já agora). Sem ter inventado nada, sem colocar um só tijolo nalgum lado, sem gastar um tostão do seu bolso e sem produzir um parafuso que seja, arrisca-se a ser dono de uma das maiores empresas do País. Fascinante.
Esta manhã o meu filho acordou com vontade de comprar uns jogos da Playstation. Respondi-lhe: “Eh, pá! Isso é muita massa” mas, pensando bem, a Sony até nem é assim tão cara. Vou falar com o meu Banco.

:: enviado por U18 Team :: 2/13/2006 09:12:00 da manhã :: início ::
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