quinta-feira, fevereiro 09, 2006
O que faria Maomé?
Quando a raiva e o ódio entram em cena, o debate transforma-se em gritaria e o barulho é ensurdecedor. Por isso, porque também sei que os muçulmanos não são todos terroristas e porque também sei que há muçulmanos que defendem os mesmos valores que eu, é bom tropeçar em artigos de opinião como este.:: enviado por U18 Team :: 2/09/2006 10:19:00 da tarde :: início ::
1 comentário(s):
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Um tabu previne alguns jornais de publicarem os cartoons que atacam o judaismo. O mesmo tabu deve-se aplicar a imagens feitas deliberadamente para provocar o Islão.De , em fevereiro 12, 2006 12:40 da manhã
E então a liberdade de expressão? Há dois aspectos que se baralham sempre. O primeiro é o legal. Que restringe o que o governo faz. O segundo aspecto é cultural. É a ideia que é bom haver diversidade de opiniões. Esta ideia influencia particulares, associações e os media. É somente uma presunção, não um direito. Há sempre crenças, opiniões e imagens que estão além dos limites. Há imagens de Jesus, de Álvaro Cunhal, ou de qualquer pessoa que não podem ser mostradas.
A questão levantada pelos cartoons dinamarqueses é se gente razoável deve mostrar cartoons que deliberadamente blasfemam o Islão. De facto, é acerca do estatuto do Islão – quão importante pensamos que é.
Outra questão é a liberdade de religião. Legalmente, é acerca de liberdade do governo. Outra vez há um lado cultural: praticamos a liberdade religiosa quando não atacamos as crenças dos outros.
É isto que estes cartoons fazem. O crente pensa que é um pecado representar Maomé e nós fazêmo-lo e dizemos “Hey! Olhem bem para isto”.
E não é somente a representação. Um desenho dum barbudo com uma bomba no turbante está bem. Podes sugerir que é um muçulmano e está OK. Se disseres que é o profeta, insultas, 1,5 biliões de crentes.
Nada disto implica que é OK fazer tumultos e queimar uma embaixada. Não é, o ocidente disse que não é e até o porta-voz do Hamas pediu às pessoas para não o fazerem.
Nem isto implica que os media se tenham de dobrar a cada pessoa que se sinta ofendida, ou então a discussão acabaria.
Implica que invocar liberdade de expressão não é suficiente. Tem que haver apreciação, juízo. Não censura, que é o que o governo faz, mas apreciação, juízo, que é o lado cultural que acompanha o discurso livre.
Adaptado do texto “Free speech leavened by a thing called judgment“ por Bruce Ramsey, Seattle Times editorial columnist
(http://seattletimes.nwsource.com/html/opinion/2002790869_rams08.html)