sexta-feira, março 24, 2006
Será que a União Europeia se enganou nos objectivos?
Paradoxalmente, essas mesmas quatro liberdades têm motivado o movimento às arrecuas da construção do grande mercado, que é um dos fundamentos da Europa unida: A livre circulação dos serviços? Basta pensar nas propostas do ex-comissário Bolkestein e no modo como elas facilitam o dumping social. A livre circulação de capitais? O furor com que alguns governos tentam bloquear as OPA em sectores estratégicos como o da energia é a prova evidente de que não existe. A livre circulação de pessoas? A existência de medidas restritivas impostas por alguns países em relação aos trabalhadores provenientes dos novos Estados da União mostra que também ela não funciona totalmente. Ou seja, a integração europeia tarda em tornar-se realidade, vitima de um nacionalismo económico disfarçado de patriotismo.
Isso significa que a Europa da livre circulação, que muitos pretendem nivelar pelo mínimo divisor comum, jogando sobre as disparidades nacionais, não faz mais do que promover a concorrência entre os Estados, o que acaba por funcionar ao contrário dos objectivos que se pretendiam, provocando o regresso da elevação de novas barreiras e favorecendo ainda mais o ressurgimento dos velhos nacionalismos.
Para sairmos deste círculo vicioso, a única solução é avançarmos para verdadeiras políticas comuns. Mas os reflexos patrióticos são muito mais fortes e a solidariedade é mínima. Sim a uma política europeia de energia, dizem os 25, mas na condição que ela respeite a soberania dos Estados e se contente em introduzir um pouco de coerência entre as políticas nacionais.
Será que a União Europeia se enganou nos objectivos?
:: enviado por JAM :: 3/24/2006 11:16:00 da manhã ::
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