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quinta-feira, março 23, 2006

A trégua da ETA

A palavra chave do surpreendente comunicado da ETA é o adjectivo “permanente”. Trata-se, com efeito, da mesma palavra que, em circunstancias similares, usou o IRA, cujo modelo a ETA tem seguido. O comunicado de ontem evita falar directamente em “autodeterminação”, mas deixa claro que o objectivo do cessar fogo não é apenas acabar com a violência, mas sim concretizar o programa político que consiste no “reconhecimento dos direitos que como povo nos são devidos” e acrescenta que Espanha e França deverão aceitar “sem limitações” esses direitos e respeitar “a decisão dos cidadãos bascos”. Após mais de trinta anos a ignorar os desejos de paz da grande maioria da população basca e de se terem acumulado mais de 800 mortos, soa algo estranho este apelo ao respeito da decisão dos cidadãos.
Por enquanto, o propósito do governo espanhol é sensato. Tal como fez John Major em 1994, quando afirmou pretender “verificar” o alcance do anúncio da trégua do IRA, também Zapatero pediu um tempo para confirmar a vontade da ETA. A distinção entre contrapartidas políticas e medidas de indulto para os presos é artificial, já que qualquer contrapartida será política. Mas deixa algum espaço de manobra para marcar a fronteira entre as contrapartidas possíveis e as impossíveis.
Também a reacção do PP é animadora. Ao afirmar que “não se pode dialogar com terroristas enquanto eles mantiverem a sua vontade assassina de utilizar o terror”, deixa subentender que, se for dado um sinal inequívoco do abandono da violência, esse diálogo é possível.

:: enviado por JAM :: 3/23/2006 10:04:00 da manhã :: início ::
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