quarta-feira, julho 12, 2006
Noticias de Timor
Como muitíssima gente (acho eu) também ando a tentar perceber o que se passa em Timor. Um pouco ao acaso, fui dar com o texto que transcrevo mais abaixo. Não explica tudo mas ajuda a perceber.
"Eis o que um viajante inglês, Russel Wallace, diz em resumo daquela colónia, onde chegou depois de ter atravessado a ricas e poderosas colónias holandesas:
Metade de Timor pertence aos portugueses; é extraordinário o contraste entre esta região e a parte holandesa; há três séculos que os portugueses a possuem e não há em todo o país uma légua de estrada, nenhum residente europeu no interior. Os empregados do governo roubam os indígenas, como num saque, e apesar disso nenhum meio de defesa no caso de um ataque da cidade de Dili. Os oficiais portugueses, são ali tão ignorantes que tendo recebido um pequeno morteiro e obuses não sabiam servir-se deles. Durante a estada de Russel Wallace, rebentou uma insurreição; o comandante que a devia combater fechou-se em casa dando parte de doente; os insurgentes cortavam com toda a facilidade os víveres à cidade, de sorte que foi necessário suplicar um socorro tardio ao governador holandês d’Amboine …
Desleixo, roubo, estupidez e covardia! Parece-nos que Portugal seria exigente, - desejando aos que governam e defendem as suas colónias, - maior soma de qualidades nobres."
Eça de Queiroz em “As Farpas” - 1872
"Eis o que um viajante inglês, Russel Wallace, diz em resumo daquela colónia, onde chegou depois de ter atravessado a ricas e poderosas colónias holandesas:
Metade de Timor pertence aos portugueses; é extraordinário o contraste entre esta região e a parte holandesa; há três séculos que os portugueses a possuem e não há em todo o país uma légua de estrada, nenhum residente europeu no interior. Os empregados do governo roubam os indígenas, como num saque, e apesar disso nenhum meio de defesa no caso de um ataque da cidade de Dili. Os oficiais portugueses, são ali tão ignorantes que tendo recebido um pequeno morteiro e obuses não sabiam servir-se deles. Durante a estada de Russel Wallace, rebentou uma insurreição; o comandante que a devia combater fechou-se em casa dando parte de doente; os insurgentes cortavam com toda a facilidade os víveres à cidade, de sorte que foi necessário suplicar um socorro tardio ao governador holandês d’Amboine …
Desleixo, roubo, estupidez e covardia! Parece-nos que Portugal seria exigente, - desejando aos que governam e defendem as suas colónias, - maior soma de qualidades nobres."
Eça de Queiroz em “As Farpas” - 1872
:: enviado por U18 Team :: 7/12/2006 10:26:00 da tarde :: início ::