quarta-feira, agosto 09, 2006
Hasta la victoria... siempre.
Quando se fala sobre Cuba, e últimamente tem-se falado muito por causa da doença de Fidel e da so-called “sucessão” deste, são 2 as posições extremadas que se costumam manifestar e confrontar.Uns sustentam que depois de Fidel virá o dilúvio, sendo este a instauração da democracia à maneira ocidental (não digo “democracia burguesa” porque parece que a expressão está muito mal vista e eu cá não quero ferir susceptibilidades), muito provávelmente com a liquidação (liquidação física, prisão e/ou exílio) de todos os que, actualmente vivos, têm tido cargos de responsabilidade na ilha desde 1959. Evidentemente só dos responsáveis, porque seria impraticável (ou não? com as novas tecnologias…) liquidar todos os que aderiram ao regime actual e, já agora, também os que, não tendo própriamente aderido, também não fugiram dele e/ou nunca o contestaram. Assim, depois das trevas, viria a luz e teríamos ou uma 2ª versão, actualizada, da ilha-casino dos nunca esquecidos good-old-times de Fulgêncio Batista, ou uma democracia mais à la page, inspirada na defesa intransigente dos direitos humanos, à moda de Guantanamo, essa ponta de lança da democracia bushiana já cravada na ilha. Para quem partilha esta opinião, Cuba não tem perdão, o bloqueio nunca existiu, nem as tentativas de invasão da ilha, nem os atentados contra Fidel, não foram os democratas americanos que empurraram os revolucionários da Sierra Maestra para os braços dos soviéticos, não lhes deixando outra alternativa, que lhes impuseram o dilema Pátria o Muerte.
O pior cego é realmente o que não quer ver.
A outra posição extremada é a dos que, também não querendo ver, não vêem que o sentimento de “fortaleza sitiada” pode levar a exageros, a politicas bem intencionadas mas erradas, a crimes até. Já se tinha passado o mesmo com a União Soviética nos seus 1ªs tempos, em que, cercada e atacada pelos “brancos”, teve de se fazer forte expurgando sem piedade – e, muitas vezes, de forma demasiado expedita – o inimigo interno. Estes “cegos” não querem ver que, acuados, os responsáveis cubanos podem ter ficado demasiado orgulhosos, e o orgulho nem sempre é bom conselheiro: pode levar à presunção e ao autismo.
Saiba, nesta hora, o povo cubano, o que vive na ilha, o que insistiu e resistiu dentro do seu país, aos bloqueios internos e externos, ter a sabedoria necessária para enfrentar este novo desafio, sem desarmar, sem ceder à facilidade do paraíso envenenado com que lhe acenam de fora e sem desistir de lutar para impedir que a sua criação dê cabo do criador.
:: enviado por Manolo :: 8/09/2006 11:29:00 da tarde :: início ::