quarta-feira, setembro 06, 2006
Espanha: a esperança para escapar à miséria
Quase 900 imigrantes ilegais provenientes de África chegaram terça-feira ao arquipélago espanhol das Canárias: o maior número de chegadas até agora registado em apenas um dia.
É irreal pretender, como tem feito a direita europeia e, com especial veemência, Nicolas Sarkozy, em França, que os fluxos migratórios se podem manter sob um rigoroso controlo estatístico, como se tratasse de contabilizar os turistas ou o número de veículos que atravessam um posto fronteiriço. As características da imigração africana ― massiva, irregular e, em grande parte, controlada por máfias ― impedem qualquer tipo de controlo. E, a isso, há que acrescentar a incapacidade dos países de origem para fazerem face ao problema e o aproveitamento que dele fazem alguns governos para obterem acordos vantajosos com a União Europeia.
Perante a situação alarmante, o presidente do Governo das Canárias pergunta: Quantas vítimas mais serão necessárias, quantas fotos de corpos exaustos faltam, para que a Espanha e a Europa se convençam de que este é um problema que nos afecta a todos e para o qual temos de encontrar uma solução?
A África, sobre a qual caíram os tiranos mais selvagens ― Idi Amin, Mobutu, Bokassa ― os colonialistas mais predadores, os traficantes de escravos, a fina flor da corrupção... essa África, explorada até ao tutano, está agora a dizer à Europa que não pode mais, como há muito tempo vêm alertando as ONGs.
Só que, dar trabalho a tão desmedida quantidade de pessoas é uma utopia. Em vez disso, chegou a altura da União Europeia intervir, implicando-se a fundo, para fazer com que os seus empresários recebam mais incentivos para investir em África, onde as desigualdades, em comparação com o mundo desenvolvido, são vergonhosas.
:: enviado por JAM :: 9/06/2006 11:43:00 da tarde :: início ::