quarta-feira, agosto 30, 2006
O Katrina continua a fazer estragos
Um ano depois da passagem do Katrina ter começado a devastar a Luisiana e outros territórios vizinhos nos Estados Unidos, a região ainda não recuperou, nem sequer foram adoptadas as medidas necessárias e suficientes para garantir que não voltarão a repetir-se tragédias desse tipo, em que 2.000 pessoas perderam a vida e 800.000 tiveram que abandonar as suas casas.Pouco serviu a lição: No momento em que se aproxima das mesmas costas o furacão Ernesto, a protecção civil americana afirma ser capaz de evacuar mais de 600.000 pessoas. Mas o todo-poderoso Departamento de Segurança Interna, criado com base no 11 de Setembro, considera que só 27% dos Estados e 10% das cidades americanas estão preparadas para fazer face a um acontecimento catastrófico.
Um ano depois, a passagem do furacão Katrina é agora revisitada num documentário de quatro horas ― “When the Levees Broke: A Requiem in Four Acts” ― do realizador negro americano Spike Lee. Entre a paixão partidária pela causa dos negros e a tragédia humana, o filme conseguiu sacudir grande parte da imprensa americana. Até o Times-Picayune, o grande jornal de Nova-Orleães que muita tinta fez correr a propósito da incompetência e da total descoordenação das autoridades face à tragédia, lamenta que Spike Lee só se tenha interessado pela população negra: “O filme só conta metade da história, ou melhor, 67,3% dela (a percentagem da população negra da cidade). A tal ponto que os brancos de Nova-Orleães, ao verem o filme, se perguntarão: Onde é que eu entro, no meio disto tudo? Todos os que lá estavam sabem como o furacão matou indiscriminadamente e destruiu sem se preocupar com a raça nem com a situação financeira das vítimas”.
A propósito de Spike Lee, o Washington Post escreve que se trata de um realizador que muita gente gosta de detestar, um realizador com uma forma de audácia, de particularismo e de sensibilidade racial que muitos consideram exagerada. E, no entanto, essas qualidades fazem dele um realizador raro, capaz de assimilar o desastre do Katrina em toda a sua dimensão humana, racial e política. Um filme a não perder, na primeira oportunidade.
:: enviado por JAM :: 8/30/2006 12:59:00 da manhã :: início ::
2 comentário(s):
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será que não há uns comentários para petiscar?De , em agosto 30, 2006 1:18 da manhã
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O meu não vai dar para petiscar.De , em agosto 30, 2006 3:53 da tarde
O estado em que, passado um ano, New Orleans está dá para pensar.
Acho tão estranho, por ser na USA. Será só inépcia, será só por serem negros ou quererão acabar com New Orleans?