domingo, outubro 22, 2006
Mea culpa, mea culpa, mea maxima culpa
O sr. secretário de Estado adjunto da Indústria e Inovação afirmou, há dias, que a culpa da subida em foguete dos preços da energia eléctrica prevista para 2007 era dos consumidores – nem mais, nem menos.
O sr. secretário estaria num daqueles dias infelizes que toda a gente tem, como depois reconheceu, mas o que é facto é que, por mais arrogante e imbecil que tenha parecido, à 1ª vista, aquela declaração, ela tem um fundo de verdade.
Porque, afinal, a culpa é nossa, a partir do momento em que acreditámos que a privatização da EDP e a liberalização da energia iriam fazer baixar os preços desta e beneficiar em toda a linha os seus consumidores.
Aliás, bem vistas as coisas, a culpa é sempre nossa, em última instância:
Temos culpa de vivermos tempo demais e de não termos tantos filhos como deveríamos (já toda a gente ouviu falar do “exército industrial de reserva”, presumo…), deixando assim de pantanas a Segurança Social;
Temos culpa de não sermos tão facilmente despedíveis (descartáveis seria o termo mais exacto) como gostariam os nossos empregadores/empreendedores, e de, após o despedimento, irmos torrar (provávelmente nas Maldivas...) o dinheiro do Fundo de Desemprego ou do Rendimento Mínimo Garantido;
Temos culpa de ficar doentes a ponto de querermos à viva força ser internados nesses hotéis de 5 estrelas que são os hospitais públicos e submetidos a cirurgias várias (a nossa costela masoquista...);
Enfim, temos culpa de praticamente tudo…
Sobretudo temos culpa de uma coisa: de andarmos, há três décadas, a votar e a indicar para os sucessivos governos sempre os mesmos fulanos, esses que fizeram com que as coisas chegassem a este estado e que agora têm a lata (ou será mais exacto dizer: a franqueza?) de nos dizerem na cara que a culpa é nossa.
:: enviado por Manolo :: 10/22/2006 05:33:00 da tarde :: início ::