BRITEIROS: Putin acossado em Lahti <$BlogRSDUrl$>








sábado, outubro 21, 2006

Putin acossado em Lahti

O jantar da noite passada, entre o presidente russo e os vinte-sete, resvalou e quase deu em pugilato. A União não conseguiu falar “a uma só voz”, como tinha prometido e como nos garantiu Sócrates no telejornal. Pelo contrário, os primeiros-ministros dos países bálticos e o presidente da Polónia decidiram atacar violentamente Putin, acerca da situação na Chechénia e na Geórgia. Logo Josep Borrell, o presidente do PE, achou que era altura de interrogar o presidente russo sobre as duas dezenas de jornalistas assassinados no seu reinado e nomeadamente sobre a morte de Anna Politkovskaya: “esse assassinato causou uma enorme emoção na União e o Parlamento Europeu fez um minuto de silêncio em sua memória, o que é muito raro”. E acrescentou: “Será que a Rússia ainda é uma democracia?”. Em seguida, o primeiro-ministro dinamarquês, e depois o sueco, ecoaram sobre o mesmo tema.
Descomposto e furioso, Putin resolveu atacar os autarcas espanhóis que são todos corruptos e que até estão na prisão e atirou-se a Romano Prodi que, coitado, nem tinha aberto o bico, que “máfia é uma palavra italiana e não russa”. Imaginem a cena!... Depois fez notar que não podia controlar tudo no seu país e que a morte de Anna Politkovskaya também o tinha transtornado...
De acordo. Não se deve acusar ninguém sem provas. Mas o certo é que Anna Politkovskaya foi vilmente assassinada com vários disparos de uma pistola makarov, a mesma que a polícia russa costuma utilizar.
Não se pode deixar o presidente russo em paz, enquanto não for feita luz, toda a luz, sobre uma tragédia que foi também uma provocação. É preciso fazer com que não haja uma cimeira, uma visita de Estado, uma conferência de imprensa, sem que lhe seja perguntado, infatigavelmente: “Como é que vai a investigação do caso, senhor presidente?”; “O que tem a dizer-nos de novo sobre as investigações desse crime cometido literalmente diante dos seus olhos?”. Anna Politkovskaya era a consciência da Rússia. Agora, vai ter que converter-se na má consciência do seu actual presidente, no fantasma que o atormenta, no seu remorso.
Só foi pena que o nosso primeiro-ministro não tenha tido a coragem de alinhar ao lado dos seus homólogos do Norte.

:: enviado por JAM :: 10/21/2006 12:10:00 da manhã :: início ::
3 comentário(s):
  • Este post parece uma traduçao literal do texto que foi publicado na vespera no excelente "coulisses de Bruxelles", do jornalista Jean Quatremer...

    Não seria melhor citar a fonte??

    De Anonymous Anónimo, em outubro 21, 2006 11:14 da tarde  
  • O "link" estava no título do "post".
    É evidente que, tratando-se de uma cimeira sob o máximo secretismo (Putin e o gás “obligent”) e em cujos bastidores muito poucas "moscas" são autorizadas a entrar, nós não poderíamos ter tido conhecimento destes acontecimentos pitorescos (que infelizmente muito poucos jornalistas transpiraram - vá-se lá saber porquê) sem fazer apelo a fontes deste tipo.
    De qualquer modo, obrigado pelo reparo.

    De Blogger JAM, em outubro 22, 2006 10:13 da manhã  
  • Fico muitas vezes espantado de ver que a imprensa portuguesa nao utiliza fontes fiaveis, de consulta facil e com detalhes suculentos como o do Jean Quatremer. Queria lhe dar os parabéns por o ter referido e dà-lo a conhecer um publico mais largo, de lusofonos.

    E também pela traduçao de um texto dificil, que é excelente!

    De Anonymous Anónimo, em outubro 23, 2006 11:07 da tarde  
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