BRITEIROS: Até filho de bandido tem que ouvir os conselhos do pai <$BlogRSDUrl$>








terça-feira, novembro 14, 2006

Até filho de bandido tem que ouvir os conselhos do pai

A abalada de Rumsfeld simboliza, com fogo de artifício, a queda dos “neocons”, esses maus espíritos da política americana. Após terem imprimido uma influência notável, embora nefasta, sobre toda a cena política, estão agora a ser saneados pelas mesmas pessoas que eles tanto desprezaram: os veteranos da Administração Bush-pai.
George W. Bush, ou Bush-filho, cometeu o seu primeiro acto de desobediência quando, sob a influência da mulher, Laura, se juntou à igreja Metodista, nos anos 80. Depois, ao contrário do pai, que se rodeou de sequazes da realpolitik, aos quais ordenou que mantivessem os religiosos e os “neocons” o mais longe possível da Casa Branca, Bush-filho resolveu maliciosamente juntar-se a esses bandos funestos. O principal exemplo foi a nomeação de Donald Rumsfeld, mentor de Dick Cheney, para o ministério da Defesa. Nos tempos em que ocupara lugares influentes nas Administrações Nixon e Ford, Rumsfeld tinha-se empenhado em minar as ambições presidenciais de Bush-pai, nomeando-o embaixador na China, para o afastar do centro do poder. Ou seja, Rumsfeld era uma espécie de inimigo jurado de Bush-pai.
Essa inimizade foi ainda mais longe quando Rumsfeld, na altura da primeira Guerra do Golfo, se juntou a Paul Wolfowitz, figura de proa da ideologia “neocon”, para redigir críticas severas a Bush-pai, considerando-o responsável pelo erro histórico de não ter feito avançar as tropas americanas sobre Bagdade.
No início do seu primeiro mandato, Bush-filho nomeou Brent Scowcroft, melhor amigo de Bush-pai e ex-chefe do Conselho Nacional de Segurança, para presidente do Foreign Intelligence Advisory Board. O problema é que, quando decidiu invadir o Iraque, com a intenção confessa de implantar a democracia em todo o Médio Oriente e de remodelar toda a região, “esqueceu-se” de pedir a opinião de Scowcroft, na sua qualidade de conselheiro em matéria de política externa. Nem a ele, nem ao outro grande amigo de Bush-pai, o ex-secretário de Estado, James Baker.
Essa atitude teve como consequência o soltar das línguas, não só do duo Baker-Scowcroft, mas também do seu protegido Robert Gates, ex-número dois do Conselho Nacional de Segurança e ex-director da CIA sob a administração de... Bush-pai. Foi esse trio quem mais denunciou o desastre da aventura iraquiana que, ao descurar a diplomacia, acabou por fazer o jogo da ideologia islamista.
A reparação está em curso. Se ainda vai a tempo,... isso é outra questão. Para começar, Bush-filho decidiu finalmente apelar aos amigos de Bush-pai para se livrar das almas danadas que assombram a Casa Branca. O arqui-inimigo de Bush-pai já foi substituído pelo amigo Robert Gates... É caso para perguntar se não haverá algo de freudiano em toda esta história?

:: enviado por JAM :: 11/14/2006 01:26:00 da tarde :: início ::
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