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sexta-feira, dezembro 08, 2006

Um pouco de História

Ainda a propósito da contrariedade de Ehud Olmert face ao relatório Baker-Hamilton, não é de surpreender que, ao invés, todos os outros parceiros no terreno tenham acolhido de braços abertos o facto das recomendações do “study group” irem muito para além da crise iraquiana e afirmarem a necessidade de se encontrar uma solução para o conflito israelo-árabe, como imposição essencial para se conseguir a paz global no Médio-Oriente. Com efeito, o relatório determina que as resoluções 242 e 338 da ONU, bem como o princípio da “terra em troca da paz”, devem estar na base das negociações.
A resolução 242 foi adoptada pelo Conselho de Segurança em 22 de Novembro de 1967 (há 39 anos), seis meses depois da Guerra dos Seis Dias. A resolução exigia a “instauração de uma paz justa e durável no Médio-Oriente”, o que deveria passar pela “retirada das forças armadas israelitas de todos os territórios ocupados durante o conflito, o respeito e o reconhecimento da soberania da integridade territorial e a independência política de cada um dos Estados da região, e o seu direito a viver em paz no interior das fronteiras seguras e reconhecidas, ao abrigo de quaisquer ameaças ou actos de força”.
A resolução 338 foi adoptada pelo Conselho de Segurança em 22 de Outubro de 1973 (há 33 anos), durante a Guerra do Yom Kippur. Reafirmava a validade da resolução 242 e apelava para o cessar-fogo e a realização de negociações, com vista à “instauração de uma paz justa e durável no Médio-Oriente”.
São estas duas referências históricas, juntamente com as respectivas resoluções do Conselho de Segurança — que Israel nunca cumpriu — que agora estão na base do diagnóstico do relatório Baker e que constituem a pedra angular da nova via de progresso para o Iraque. Resta saber se o presidente americano e a sua Administração estarão dispostos a dar seguimento às recomendações.

PS: O ex-presidente Jimmy Carter acaba de publicar um livro intitulado Palestine: Peace Not Apartheid, em resultado das três missões de supervisão das eleições nos territórios palestinianos que efectuou com o Carter Center. E, num artigo no Los Angeles Times, explica que até mesmo as questões mais controversas são debatidas em Israel e nos outros países, mas nunca nos Estados Unidos:
— “For the last 30 years, I have witnessed and experienced the severe restraints on any free and balanced discussion of the facts. This reluctance to criticize any policies of the Israeli government is because of the extraordinary lobbying efforts of the American-Israel Political Action Committee and the absence of any significant contrary voices”.

:: enviado por JAM :: 12/08/2006 07:13:00 da tarde :: início ::
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