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quinta-feira, março 01, 2007

Como falar sobre livros que não lemos?

Em Paris, a cidade que mais associada está à cultura verdadeiramente culta, acaba de sair um livro que, paradoxalmente, lança o descrédito sobre a importância da leitura. “Comment parler des livres que l’on n’a pas lus”, analisa não só o fenómeno de discutir sobre livros não lidos, mas, para além disso, a maravilha de poder fazê-lo com outras pessoas que, por sua vez, também fingem tê-los lido. O autor, Pierre Bayard, é professor de literatura, psicanalista e crítico literário.
Um livro conserva sempre um certo valor reverencial que nos abre as portas para um universo culto, sobretudo aqueles livros que, por consenso académico, são de leitura obrigatória e devem ser lidos do princípio ao fim. Entre nós, quem é que ousaria confessar que nunca leu Eça, Pessoa ou Saramago? Por isso, existem várias formas de não ler um livro. A mais eficaz é, sem dúvida, nunca o abrir. Mas, podemos também contentar-nos em folheá-lo, não acabar de o ler, ter só ouvido falar dele ou mesmo esquecê-lo completamente, para depois vir falar sobre ele perante uma audiência estupefacta.
Paul Valéry, Umberto Eco ou Montaigne são assim evocados pelo falacioso Bayard para serenar a culpabilidade daqueles que alguma vez cederam a essa tentação tão legítima. O livro está cheio de conselhos para afastar de vez qualquer interdição.
Estou certo que todos aqueles que, como eu, ainda não leram este livro, ... vão adorá-lo!

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:: enviado por JAM :: 3/01/2007 09:44:00 da manhã :: início ::
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