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sexta-feira, abril 13, 2007

Futebóis

Não sei se ainda se recordam de como era o futebol inglês dos anos 90: um grupo de rapazes com pouco jeito para o futebol, tentavam, à vez, enviar a bola o mais longe possível enquanto todos os outros corriam (ao mesmo tempo) para o sítio onde ela poderia cair. Alguns (poucos) bons jogadores que tinham ido parar ao futebol inglês passavam os jogos no meio do campo a ver as bolas passarem-lhes por cima e quando, por acaso, a tinham nos pés eram imediatamente atropelados por um adversário encorpado, para gáudio do público e indiferença do árbitro que apitava “à inglesa”.
Enquanto isso, nas bancadas, outro grupo de rapazes ainda com menos jeito para o futebol mas mais tatuados e com mais litros de cerveja no estômago que os primeiros, aproveitava para malhar em tudo o que mexia antes, durante e depois dos jogos. De vez em quando, algumas mortes faziam com que a emoção fosse ainda mais intensa.
Apesar de haver mais acção no terreno do que num filme francês e mais drama nas bancadas do que em todos os filmes portugueses juntos, o futebol inglês entrou numa lenta agonia em que os resultados eram medíocres, qualquer pessoa de bom senso evitava os estádios e mesmo assistir a um jogo na televisão só se justificava para quem sofresse de insónias.
Esta situação durou alguns anos até que alguém, um pouco mais inteligente, se lembrou que o futebol era um espectáculo e que, para ser rentável, não poderia continuar assim. Vai daí, foram buscar os melhores jogadores e treinadores do mundo, correram com jogadores ingleses das equipas de topo, transformaram os estádios em locais confortáveis para as famílias e impediram a entrada dos vândalos do costume (mesmo que para isso tenha sido necessário criar um documento com fotografia o que, em Inglaterra, é o equivalente a obrigar um muçulmano a comer uma bifana). Resultado? – o melhor campeonato do mundo, estádios cheios e três equipas nas meias finais da Liga de Campeões.
É claro que nada disto tem a ver com o que se passa em Portugal. Por cá - onde até há uma certa quantidade de jovens com jeito - há muito que os estádios estão cheios e são um lugar onde apetece levar a família, que os jogos são de uma qualidade ímpar e as equipas portuguesas obtêm resultados internacionais de relevo com regularidade.
Por cá, se por acaso acontece algum problema nas bancadas, há sempre um Secretário de Estado do Desporto para "lamentar" os incidentes e fazer apelos à "normalidade". Por cá, ao contrário dos ingleses dos anos 90, no que toca ao futebol podemos dormir descansados.

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:: enviado por U18 Team :: 4/13/2007 03:51:00 da tarde :: início ::
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