terça-feira, maio 29, 2007
O pior pesadelo do Estado democrático após o 25 de Abril
Este é o país em que se compara a política com um semáforo avariado. Deixou de haver regras de circulação. No país de José Sócrates a delação tornou-se uma espécie de EMEL musculada. Portugal está a regressar ao sonho autocrático do pastor e do rebanho em busca da unanimidade total.O que se passou na DREN, perante o ar de dona de casa condescendente da ministra da Educação, é o pior pesadelo do Estado democrático após o 25 de Abril. Portugal está a tornar-se o país dos que escutam a conversa dos outros e delatam o que ouvem para serem abençoados pelos chefes que os podem promover. Estamos a tornar-nos um sítio policial com uma máscara democrática. A delação com rosto amigo tornou-se a ideologia estatal.
O que se está a impor não é um "Big Brother" orweliano. Nem a ditadura de prazeres de que falava Huxley. É um país mesquinho, sedento de favores, de mão estendida que, em troca, conta o que ouviu numa conversa privada. Os delatados estão a ressurgir como infiéis perante os fantasmas de Salazar que nunca desapareceram.
Este país está a transformar-se num triste pesadelo: em que se troca a intimidade dos outros por 30 dinheiros. Vê-se o drama democrático. E espera-se que, em Belém, Cavaco Silva, esteja o ver o mesmo.
[Fernando Sobral, Jornal de Negócios]
Etiquetas: José Sócrates, Portugal
:: enviado por JAM :: 5/29/2007 02:48:00 da tarde :: início ::
1 comentário(s):
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Voltámos à época dos informadores!De , em maio 29, 2007 4:40 da tarde
Que os PIDES, pelo que se vê, continuam a existir nas mentalidades.