BRITEIROS: O que é que se passa desta vez no Líbano? <$BlogRSDUrl$>








terça-feira, maio 22, 2007

O que é que se passa desta vez no Líbano?

Até há poucos dias, ninguém tinha ainda ouvido falar dessa estranha organização que, sob o nome de Fatah al-Islam, está na origem dos combates sangrentos que, desde Domingo passado, sacodem o Norte do Líbano.
Pois bem: existia na Síria um grupo de palestinianos que tinha cortado relações com Yasser Arafat, em 1982, e que desde logo se pôs às ordens do governo de Damasco. As autoridades sírias serviram-se desse grupo para dar asilo e formação militar aos voluntários árabes recrutados para combater no Iraque. Mas, em finais do ano passado, num gesto de apaziguamento para com Washington, o governo de Bachar al Assad decidiu livrar-se desses islamistas vindos dos quatro cantos do mundo árabe e enviou-os para o campo de refugiados palestinianos de Nahr el-Bared onde, desde então, são eles que ditam as leis. Sobretudo porque estão fortemente armados, enquanto que os refugiados do campo foram desarmados pelas autoridades sírias, todo-poderosas nesta região do Líbano que fica a uns escassos 30 km da fronteira.
Os activistas do Fatah al-Islam foram julgados responsáveis pelo atentado que, em Fevereiro passado, fez dois mortos e vários feridos em território cristão. Quatro desses assassinos foram presos e o quinto foi morto anteontem pelo bombardeamento do campo. Mas só depois de os soldados libaneses terem caído numa emboscada, tendo vários deles sido degolados e decapitados à boa maneira da Al Qaeda.
Mais uma vez, é difícil de provar o envolvimento dos serviços secretos sírios nestes actos de violência. Eles são especialistas em apagar as pegadas. Mas, fora as condições que levaram à criação do Fatah al-Islam, não podem ignorar-se as ameaças proferidas pelo presidente al-Assad aos ouvidos do novo secretário geral da ONU, em relação ao Líbano, caso o Conselho de Segurança ponha em acção o tribunal internacional encarregado de julgar os autores do atentado contra Rafik Hariri. Ora precisamente na semana passada esse projecto avançou e muito.
A Síria nunca reconheceu a criação do Líbano, em 1943, e recusa a troca de embaixadas e o traçado definitivo das fronteiras entre os dois países. Se são de facto eles que estão por trás dos últimos acontecimentos, os dirigentes sírios desta vez terão ido longe demais. Mesmo os seus aliados habituais — o Hezbollah e o general Aoun — condenaram a matança de que o exército libanês foi vítima.
Quanto aos responsáveis palestinianos... estão desesperados, porque os refugiados do campo de Nahr el-Bared são literalmente feitos reféns pelos islamistas.

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:: enviado por JAM :: 5/22/2007 11:38:00 da tarde :: início ::
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