segunda-feira, julho 02, 2007
Very unlikely
Uma inventona, fm? Possível mas, como diriam os ingleses, “very unlikely”.
Pelo que li e ouvi da imprensa inglesa - com base, sobretudo, em testemunhas oculares - estas tentativas não foram assim tão amadoras quanto isso. O carro foi estacionado à porta de uma discoteca com capacidade para 1700 pessoas e fabricado para explodir com alguma intensidade. Um tipo, com uns copos a mais, sentiu-se mal e a discoteca chamou uma ambulância. Quando estavam a sair repararam que o carro estava cheio de fumo e chamaram a policia.
Como nos países ocidentais não é assim tão simples como isso de obter explosivos, esta gente escolhe produtos de consumo corrente que podem ser explosivos. No caso, garrafas de gás e bidões de gasolina. Para garantirem a ignição, abriram as garrafas de gás no intuito de saturar o ar dentro do carro. Havendo uma diferença de temperatura entre o interior e o exterior, o gás condensou-se e provocou vapor. Foi esse o fumo que o pessoal da ambulância viu. Dentro do carro havia dois telemóveis para servirem de detonador à distância. Por uma razão qualquer, os detonadores não funcionaram. Acontece. - Agora é o ex-aspirante Ramos do SMO a falar: ao contrário do que se pensa, não é (felizmente) assim tão simples fabricar uma bomba. Há que ter alguns conhecimentos técnicos, nomeadamente de detonadores, sob pena que a bomba nos rebente nas ventas ou não funcione. Os esquemas da Internet não chegam. Há que ter alguma formação prática - o polícia que desactivou os detonadores é da brigada de minas e armadilhas e só o fez manualmente porque o robot que utilizam normalmente não tinha visibilidade no interior do carro.
Do segundo carro não há imagens porque foi estacionado numa paragem de autocarro a cerca de 200 metros do primeiro. Como estava mal estacionado, foi rebocado pela polícia par um parque da zona. Só de manhã os empregados do parque estranharam o cheiro e chamaram a policia. Tinha os mesmos ingredientes que o primeiro e o mesmo problema de detonador.
No aeroporto de Glasgow, todas as testemunhas afirmam que a tentativa foi de entrar no hall do aeroporto com o carro. Por sorte, ficou entalado na estrutura das portas. O condutor fez tudo para o fazer explodir e foi impedido, a murro, por um polícia.
Concordo que haverá quem sonhe com estas coisas para poder impor regimes mais ou menos autoritários. Mais uma consequência trágica do terrorismo. Não só nos matam como ainda criam condições para que aceitemos ser controlados nos actos mais ínfimos da nossa vida. Todavia, as opções não são brilhantes: ou somos indiferentes ao número de mortos que causam ou aceitamos que nos vigiem o tempo todo. Em democracia, teremos que encontrar um compromisso. Para isso existem Parlamentos, Comissões de protecção de dados, Tribunais, imprensa.
Há muito a criticar nas democracias ocidentais. Apesar de tudo, prefiro viver aqui do que noutras alternativas.
Etiquetas: terrorismo
:: enviado por U18 Team :: 7/02/2007 01:27:00 da tarde :: início ::