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quinta-feira, agosto 30, 2007

A guerra dos sargentos

Sete sargentos do exército americano publicaram, em 19 de Agosto, um artigo colectivo no New York Times, significativamente intitulado “A guerra tal como nós a vimos”.
Não se trata pois de mais um dos muitos textos vindos a público pela mão de altos comandos militares ou políticos com especial responsabilidade e que, uma vez reformados, resolvem criticar Bush e a estratégia por ele seguida no Iraque ou no Afeganistão. Também não se trata de mais um escrito de soldados ou de seus familiares queixando-se das condições em que as tropas operam.
É um artigo que tem um valor especial porque foi escrito por um grupo de sub-oficiais, militares que estão ao mesmo tempo em contacto com a tropa dos escalões inferiores da hierarquia — os soldados na frente de combate — e com as altas patentes e os núcleos de decisão que planeiam as operações. Por isso, as opiniões de um sargento são indispensáveis se se deseja conhecer a realidade militar do momento. É tanta a proximidade com que os autores do artigo estavam a viver a guerra que um deles, ainda o artigo não estava acabado, recebeu um tiro na cabeça no decurso de uma missão e teve que ser evacuado para um hospital nos Estados Unidos. Não são portanto testemunhos longínquos emanados da “zona verde” de Bagdade ou de um qualquer gabinete de quartel-general.
George Bush não aprendeu a mínima lição dos já tradicionais erros políticos do seu país. Basta dizer que foram os Estados Unidos que armaram os que entretanto formaram a Al Qaeda, quando o que estava em causa era expulsar a URSS do Afeganistão. Escrevem agora os signatários que “criar aliados que combatam a nosso favor é essencial para ganhar a guerra, mas era preciso que esses aliados fossem fiéis àqueles que os armam e organizam”. Não é isso que acontece. As chefias do exército iraquiano não têm nenhuma influência sobre os milhares de soldados que teoricamente estão sob o seu comando. O que se passa é que os sunitas, escassamente representados no governo e nas unidades militares, organizam as suas próprias milícias, ás vezes com o apoio dos Estados Unidos, porque acham que é a única maneira de se protegerem contra as milícias xiitas ou face a um governo e uma polícia onde os xiitas estão em maioria e se servem dela para consumar as suas vinganças.
Em suma, os Estados Unidos lutam “num alucinante contexto de inimigos muito decididos e de aliados pouco fiáveis”. Nessas circunstâncias, é evidente que a desejável reconciliação política só poderá produzir-se na contextura iraquiana e não de acordo com as exigências de Washington: “Não haverá soluções que agradem da mesma maneira a todas as partes e haverá forçosamente vencedores e vencidos. A saída que nos resta é decidirmos de que lado estamos. Tentarmos agradar a todas as partes do conflito, como agora fazemos, só garantirá que, ao fim de contas, seremos odiados por todos”.

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:: enviado por JAM :: 8/30/2007 09:58:00 da tarde :: início ::
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