domingo, dezembro 16, 2007
Adorar imagens
De qualquer modo, na hipótese absurda de um inglês não se vergar às recomendações do decorador Miguel Câncio Martins (?) e de um espanhol permanecer indiferente à voz de Mariza, o Governo lançou um isco imbatível, ausente das anteriores, e pelos vistos falhadas, “imagens” e campanhas. Não, nada da velha gastronomia (que a ASAE vai abatendo), do velho litoral (que a construção desfez) ou do velho clima (que o lendário aquecimento global democratizou).
De acordo com o secretário de Estado do Turismo, Portugal prepara-se para exibir ao mundo a sua liderança em “energias renováveis”, leia-se os geradores eólicos que resgataram as nossas montanhas da sua aridez natural. Não acreditam? Eu também duvidava do potencial turístico das ventoinhas. Mas só até ler nos jornais, há cerca de um ano, os elogios de um presidente de Junta às ditas: “Dantes não havia o que fazer. Hoje o povo chega em excursões por causa das ventoinhas e junta-se em piqueniques à volta delas.”
Se não vivesse no meio dele, eu próprio faria milhares de quilómetros para assistir a semelhante espectáculo. Não falo das ventoinhas, mas de autarcas assim, de merendeiros assim e, já agora, de governantes assim.
(Alberto Gonçalves, DN 16.12.07)
:: enviado por JAM :: 12/16/2007 10:24:00 da manhã :: início ::