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segunda-feira, dezembro 17, 2007

E o país mais vulnerável é...

Na semana passada, o Diário Económico deu-nos a triste novidade: o BCE fez um estudo comparativo sobre o grau de exposição das economias da zona euro ao choque do “subprime” e concluiu que Portugal é, de longe, o país mais vulnerável a uma subida rápida e descontrolada das taxas de juro, como tem vindo a acontecer desde Agosto e, de forma mais dramática, desde meados do mês passado. É disso resultado, por exemplo, o tempo que demora a vender uma casa — que aumentou de cerca de quatro para seis meses, no segundo semestre deste ano, tendo já levado a uma baixa nos preços da habitação.
Também na semana passada, o UBS, um dos bancos suíços dominantes e um dos maiores do mundo, anunciou perdas adicionais de 6,8 mil milhões de euros. O Citi esteve semanas sem presidente, porque ninguém queria aceitar o repto e o risco. Acabou por nomear dois jovens dirigentes quase desconhecidos.

A instabilidade dos mercados internacionais começou há meses com as hipotecas feitas sem garantias suficientes, concedidas por muitos bancos nos Estados Unidos. Em resumo, a procura de dólares tinha começado a preocupar a Reserva Federal que decidiu baixar as taxas de juro para evitar um esfriamento da economia americana. Os Bancos Centrais injectaram fortes somas de liquidez para evitar uma crise bancária que, se afectasse os Estados Unidos, contagiaria de imediato o mercado global. É que o momento é inquietante, se tivermos em conta que, nos países industrializados, se vive alegremente navegando na dívida individual e colectiva.
As medidas dos Bancos Centrais foram por isso acolhidas com alívio, numa primeira fase. Mas, se os mercados não outorgarem confiança a essas medidas, pode-se passar, numa questão de horas ou dias, a uma crise que vai gerar o pânico. E uma crise financeira global não pode separar-se de uma crise política. Perante essas medidas de carácter urgente, há que realçar que nenhum banco asiático moveu uma única peça. Quanto aos europeus, poderíamos dar-nos por satisfeitos que a debilidade do dólar nos últimos meses se tenha traduzido numa valorização desproporcionada do euro.
Mas isso não é assim tão tranquilizador. O crédito vai encarecer. O investimento diminuirá e, se nem os Bancos Centrais conseguirem recuperar a confiança, comparada com esta, a crise de 1929 poderá parecer uma anedota. A crise do capitalismo implicou a mudança de praticamente todos os governos do mundo nos dois anos seguintes.
As práticas especulativas dos bancos, empresários e proprietários de fundos de investimento, nos últimos anos, podem muito bem ter chegado ao fim. E o que está para vir, a partir de agora, é tão incerto como preocupante. Os governos, que têm passado os últimos anos a instigar os excessos da finança privada, vão ter agora de atirar-se à água para a salvarem da desgraça.

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:: enviado por JAM :: 12/17/2007 12:22:00 da manhã :: início ::
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