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domingo, outubro 24, 2004

O inferno do Darfur

Há fronteiras não marcadas que podem dividir mais do que as traçadas e defendidas. Uma grande fronteira invisível, cruza a África, de lado a lado, separando um norte árabe e islâmico de um sul negro e cristão ou animista. Para muitos, esta fronteira dividia os amos dos escravos, tornando difícil a convivência. O Sudão é um dos países paradigmáticos dessa fronteira invisível e arrasta vinte anos de guerra civil motivados por essa fractura, que os mapas não mostram.

As políticas de “arabização” conseguiram, ao longo do conflito, um Sudão mais árabe e islâmico, com a fixação de tribos árabes onde antes só viviam tribos não árabes. Só que, no Darfur as etnias Fur, Zaghawa e Massalit sempre se opuseram à “arabização”.

A população do Darfur está dividida entre tribos nómadas, criadoras de gado, e tribos negras sedentárias que vivem da agricultura. Para além da questão étnica, existe um conflito económico de fundo, uma disputa pelo controle dos recursos naturais. A, cada vez menor, disponibilidade de água e terras férteis, associada ao aumento da população, contribuiu para agravar a tensão.

Estes conflitos estão na origem da operação massiva e deliberada de limpeza étnica leva a cabo pelas milícias Janjaweed com o patrocínio, não reconhecido, mas evidente, do Governo do Sudão – os ataques das milícias são, em muitos casos, precedidos de bombardeios de aviões militares. Estas milícias actuam com uma crueldade extrema, praticando uma verdadeira estratégia de terra queimada, para impedir que os sobreviventes regressem à zona : queimam as casas, saqueiam tudo, violam as mulheres e mutilam e matam os homens.

O conflito do Darfur já provocou um milhão de refugiados, dos quais mais de 150.000 atravessaram a fronteira com o Tchad, naquela que é já considerada a mais grave catástrofe humanitária do século XXI.

:: enviado por JAM :: 10/24/2004 01:15:00 da manhã :: início ::
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