sexta-feira, novembro 05, 2004

A encarnação de um sonho

A espera promete ser longa à porta do hospital militar de Percy de Clamart, nos arredores de Paris, onde palestinianos e apoiantes da causa do povo mártir, esperam ansiosamente a confirmação do desfecho ou o milagre.
Yasser Arafat não vai poder tornar realidade o seu sonho, como Nelson Mandela ou Xanana Gusmão. Existe um povo e existe um território palestiniano, mas a Palestina continua a não passar de um sonho. O papel histórico de Arafat, independentemente da forma como julgarmos o homem e o seu combate, foi o de encarnar este sonho e de dar uma identidade a um povo renegado e disperso pela História.
Eterno exilado, o fedayn que pretendia avançar com a arma numa mão e o ramo de oliveira na outra, dirigiu a luta dessa diáspora para que o seu sonho se pudesse concretizar na promessa de um Estado.
E desse Estado só vemos, por enquanto, os símbolos, o estaleiro e as ruínas.
É certo que Arafat é imortal e que a sua memória o vai transformar num mito árabe. Mas a questão imediata e escaldante é a de saber se, após a sua morte, a Palestina vai sobreviver.

:: enviado por JAM :: 11/05/2004 07:29:00 da tarde :: início ::

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