domingo, dezembro 26, 2004
Natal pouco feliz para os marines
As forças de ocupação americanas no Iraque, para além de nunca terem tido nenhum plano concreto para o pós-guerra, têm sido sistematicamente alvo de infiltrações da guerrilha rebelde, que consegue obter informações sobre os movimentos das tropas, antes mesmo que elas sejam conhecidas pelos generais do Pentágono. Estas constatações não são feitas por inimigos da administração Bush, mas sim por altos oficiais do exército americano fartos de verem cair os soldados como moscas.
O major Isaiah Wilson, prestigiado historiador militar e professor da academia militar de West Point, afirmou recentemente, num discurso na universidade de Cornell, que o primeiro plano de ocupação foi escrito em Novembro de 2003, ou seja, sete meses depois das tropas terem chegado à praça de Farduss, em pleno centro de Bagdade, e terem derrubado a estátua de Saddam.
O coronel Paul Hughes, assessor político das forças no Iraque, disse há dias ao Boston Globe que os rebeldes sunitas e os grupos ligados à Al-Qaeda continuam a infiltrar-se nas tropas iraquianas, que trabalham em conjunto com os americanos, obtendo assim informações sobre as movimentações militares.
Estas informações não são novidade e, há muito, vêm sendo anunciadas por especialistas do mundo inteiro. A novidade é que, pela primeira vez, são tornadas públicas pelos próprios militares americanos.
O mal-estar reina há já algum tempo, mas foi o ataque desta segunda-feira em Mosul que fez acender a luz vermelha. Um atacante suicida, vestido com um uniforme militar iraquiano e detentor das necessárias credenciais americanas, infiltrou-se dentro da tenda onde almoçavam centenas de soldados e fez-se explodir, matando 14 dentre eles.
Apesar da propaganda da Casa Branca e das visitas surpresa de Donald Rumsfeld, este foi decididamente um Natal muito pouco feliz para os marines no Iraque.
:: enviado por JAM :: 12/26/2004 04:44:00 da tarde :: início ::