domingo, fevereiro 06, 2005

Há que travar o sobreendividamento dos particulares

Os estudos do Banco de Portugal revelam que o endividamento das famílias portuguesas cresceu extraordinariamente ao longo da década de noventa, de cerca de 20% do rendimento disponível em 1990, para cerca de 90% no final de 2000. Actualmente, os nossos rácios de endividamento situam-se acima dos 100%, o que significa que os rendimentos auferidos num ano inteiro não chegam para pagar as nossas dívidas.
Estatisticamente, estamos a referir-nos a valores médios, o que significa que muitos de nós entraram já em situação de insolvência, sobretudo nas famílias com baixos rendimentos, empregos precários e créditos múltiplos.
Ora o sobreendividamento, para além de por em causa o equilíbrio orçamental dos indivíduos, tem importantes implicações ao nível psicológico e social, como sejam o alcoolismo, a dissolução das famílias, a marginalização ou a exclusão social dos agregados familiares sobreendividados.
Para além disso, havendo numerosas famílias incapazes de cumprir os seus compromissos financeiros, o sobreendividamento acaba por provocar uma crise de confiança no funcionamento do sector real da economia. Neste clima desfavorável, a decisão de reduzir as restrições à concessão de crédito, anunciada ontem pelo Público, não fará mais do que agravar a situação, conduzindo a um ainda maior abrandamento do crescimento económico.