sábado, fevereiro 05, 2005

A matemática das reformas

Vivemos numa era em que, como toda a gente sabe, é possível produzir mais, com uma mão de obra cada vez menor, segundo o movimento secular da substituição do trabalho dos homens por sistemas mecanizados, em que o resultado é a produção de “tempo disponível”, para usar a luminosa expressão de Marx. Apesar disso, estamos em vias de amarrar as pessoas ao trabalho, até uma idade cada vez mais avançada e durante um número de horas de trabalho por indivíduo cada vez maior. O resultado estrutural é evidente: o agravar das causas do desemprego, diminuindo, por conseguinte, as entradas de dinheiro dos descontos nas caixas de pensões.
Ou seja, se à partida pretendíamos resolver o problema das reformas, obrigando as pessoas a trabalhar até uma idade mais tardia, não só não o resolveremos, como ainda aumentaremos o número dos desempregados. Mais desempregados, não porque seja provável, mas sim porque é estruturalmente e matematicamente evidente.