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quinta-feira, fevereiro 03, 2005

Precisamos de um governo de salvação

“Nous devons, nous socialistes, mais également les autres forces de gauche, inventer un nouveau rassemblement. Nous ne construirons pas notre avenir commun sur les références du passé. Par définition, nous devons chercher un rassemblement qui corresponde aux attentes de nos militants, des électeurs de la gauche et à la situation politique actuelle.
Demain, doit s’ouvrir un nouveau cycle de ce rassemblement.”

Discurso de Daniel Vaillant, deputado do PS francês e ministro do Interior de Lionel Jospin, no Congresso de Dijon, em 17 de Maio de 2003.

A prática de governos de coligação à esquerda é bastante comum na Europa, demonstrando que governar com estabilidade sem ter maioria é perfeitamente possível, sem que isso provoque perturbações políticas de maior, desde que os responsáveis políticos tenham em conta, em primeiro lugar, os interesses gerais dos cidadãos, e só depois os interesses do seu próprio partido.
Vem isto a propósito desta notícia do Público e deste artigo de Vital Moreira, defendendo a tese da inexistência de condições para um hipotético governo de coligação à esquerda. Uma das razões seria a impossibilidade dum entendimento entre o PS e o BE ou o PCP, porque estes últimos seriam “radicalmente contra o curso da integração europeia”. Ora eu estive a ler o programa do BE e as únicas grandes reformas contrárias ao programa da UE são a revisão do pacto de estabilidade e crescimento, e a rejeição das propostas para aumentar o horário de trabalho semanal. Nada que não passe já pela cabeça de muitos partidos socialistas europeus. Quanto à Constituição europeia, é uma questão que divide militantes do mesmo partido socialista, em toda a Europa (deixemos pois o referendo decidir).
Eu compreendo que, até às eleições, o que importa é contar as espingardas e que nem o PS nem o BE pretendam abrir o jogo e pronunciar-se sobre eventuais coligações. Mas isto não deverá servir como papão ameaçador dos perigos dos governos de minoria. Pelo contrário, se tal acontecer, será uma boa oportunidade para estimular o PS a acalmar os milhares de clientes que se acotovelam impacientemente à espera do preenchimento indiscriminado dos postos políticos, utilizar o discurso da mudança (como o de Daniel Vaillant) demarcando-se inequivocamente das políticas de direita, e usar o trunfo do governo de salvação, apostando seriamente na promoção do interesse nacional, em lugar das promoções de que toda essa cambada de oportunistas está à espera.
Todos estamos de acordo que o nosso sistema político tem de mudar, assim como as mentalidades a ele associadas. Na era da mundialização e da construção de um projecto de civilização europeu, é necessário agrupar o povo da esquerda à volta dum mesmo projecto de sociedade.
Se não foi para aprender com a sua experiência, por que razão terá então o PS convidado Lionel Jospin para almoçar?

:: enviado por JAM :: 2/03/2005 11:53:00 da manhã :: início ::
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