segunda-feira, fevereiro 28, 2005
O drama do desemprego
Lembram-se quando Jerónimo de Sousa, no debate da RTP, conseguiu, num esforço para dominar a sua afonia, aludir ao caso do Vale do Ave e propor o accionamento da cláusula de salvaguarda do emprego, que está definitivamente ameaçado para milhares de trabalhadores?
A mensagem ficou clara, apesar de Jerónimo não ter conseguido falar da recente adesão da China à Organização Mundial do Comércio e de como a liberalização dos têxteis é, entre nós, sinónimo de desemprego para toda a zona do Norte e Centro. A taxa de desemprego no Vale do Ave situa-se acima dos 12%, o dobro da média nacional (6,8%). Guimarães tem cerca de dez mil desempregados e Famalicão oito mil.
E o pior é que o número de desempregados não pára de aumentar. Só em Janeiro, inscreveram-se nos Centros de Emprego 14.595 pessoas, mais 3,1% que no mês anterior. Ou seja, quase 500 desempregados por dia. A par do sector têxtil e de vestuário, encontra-se a indústria fornecedora de componentes do sector automóvel, também ela vítima das deslicalizações para os países do Leste, Norte de África ou Ásia.
Apesar do recente estudo sobre os valores do salário mínimo nos diversos países da União ter mostrado que estamos na cauda da Europa e que se ganha, em Portugal, menos do que em qualquer outro dos 15 países da antiga EU, e mesmo do que os cipriotas, neste mundo globalizado em que vivemos, já não se pode dizer que somos um país de mão de obra barata.
Nesse sentido, em vez de continuarmos a querer competir com Marrocos ou com a Roménia, é necessário desenvolvermos uma política de educação e qualificação dos trabalhadores como forma de acompanharmos os padrões de qualidade, produtividade e inovação dos restantes países da União. Se, como dizem alguns economistas, o investimento na educação só poderá mostrar os seus frutos a médio e a longo prazo, já o investimento numa formação profissional contínua poderá ser um bom caminho para garantir rapidamente a manutenção da empregabilidade dos trabalhadores.
:: enviado por JAM :: 2/28/2005 01:08:00 da manhã :: início ::
1 comentário(s):
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Como diz Fidel Castro, não somos contra a globalização, somos sim contra esta globalização.O capitalismo, no seu estado mais puro, é assim!!!De , em março 01, 2005 12:10 da manhã
Nós, homens de esquerda, não podemos querer "sol na eira e chuva no nabal", como diz o povo,sob pena de explorármos ou sermos explorados.
Eu já escolhi:sou contra esta globalização,que, dando com uma mão, rouba com as duas!!!