quarta-feira, março 30, 2005
O que importa
Importa alguma coisa gastar cera com ruim defunto, falando/escrevendo ainda sobre Santana Lopes? “No plaino abandonado que a morna brisa aquece, jaz morto e arrefece o menino(-guerreiro) de sua mãe…”Importa alguma coisa falar/escrever sobre esse dinossauro, que passou de perigoso carnívoro a pachorrento (e humilde entre os humildes) herbívoro, que é o Sr. Professor Freitas do Amaral?
Importa alguma coisa tentar decifrar o enigma que aparenta ser este governo, que mais do que em estado de graça, está em estado de esfinge: “Decifra-me e/ou devoro-te!”? Como se o PS (afinal este é um governo do PS…ou não?) não tivesse já dado provas mais do que suficientes ao longo destes últimos 30 anos, como se parte destes governantes actuais não o tenham sido já e há bem pouco tempo (eu cá ainda ouço os grunhidos surdos que vêm do pântano…). O Governo vai fazer umas sinalefas à esquerda e outras à direita, vai fazer tudo por não fazer nada de importante daqui até às eleições autárquicas que estão já aí ao dobrar da esquina, e, depois, então sim, vamos ver a verdadeira face, pouco restará do enigma, espero que continuemos vivos…
Aproveitemos, pois, já que, como escrevia Miguel S. Tavares no Público de 18.03, “mais do que esperança, os portugueses sentem, desde 20 de Fevereiro, alívio”.
Mais importante talvez é saber o que é que aquela esquerda que nunca sujou as mãos num governo vai fazer com a subida eleitoral que lhes foi proporcionada (o BE já enche 2 táxis com os seus deputados). Segundo Vasco Pulido Valente, o BE, por ex., “avançou para coisa nenhuma” já que “as pessoas querem o BE para incomodar o sistema, sabendo que o BE não o ameaça”. Sim, o BE é bom como força contra-corrente. Quanto ao resto, convoquemos a esperança (pelo menos, não têm as tais provas dadas, como o PS).
O PCP tem galões no que toca a resistir, embora tenha também algumas provas dadas nas alturas em que, não tendo efectivamente o poder, andou lá perto e perto demais.
Mais importante ainda é a água, que, num futuro próximo, será motivo de guerras (elas já existem, no plano diplomático/politico, aqui mesmo, por ex., entre Portugal e Espanha, por causa do caudal dos 3 maiores rios ibéricos, o Tejo, o Douro e o Guadiana, ou em Espanha, entre Aragão e a Comunidade Valenciana, por causa do Ebro).
Mais importante é a biodiversidade todos os dias posta em causa pela rapacidade de um sistema que vive e se alimenta (sem nunca estar saciado) do lucro, da maximização do lucro. No Alasca, agora aberto e exposto ao Império. Na Amazónia. Wherever.
Como prémio de consolação, soubemos hoje que o lince andaluz (cujo primo da Malcata não se sabe se ainda bule) se reproduziu em cativeiro, no Parque Nacional de Doñana. Em cativeiro, meus amigos…
:: enviado por Manolo :: 3/30/2005 10:59:00 da tarde :: início ::