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domingo, março 20, 2005

Vamos lá então falar do que interessa

[DINHEIRO : A educação deve ser o sector da vida portuguesa onde mais se desperdiça e pior se gasta.]

No nosso recente “post”, A realidade e os Simulacros, queríamos lançar esta polémica. Existem, no nosso entender, dois tipos de esbanjamentos no nosso sistema educativo. Para compreender do que estou a falar é necessário reflectir um pouco sobre os singelos factos a que eu fazia referência no “post” que referi. Entendo que podemos classificar os desperdícios em duas categorias: a circunstancial e a estrutural. Devemos, por imperativo de compreensão, entender o sistema educativo, pré-universitário, como sendo composto de duas realidades: os níveis de monodocência e os de pluridocência, a saber, o pré-escolar e o primário, por um lado, os vários ciclos do “segundo” sistema, por outro. Os fortes desperdícios no primeiro advêm de circunstâncias de rede escolar, da diluição de competências entre serviços centrais e autarquias que impedem, por razões óbvias, a racionalização de recursos e a qualificação objectiva e funcional destes ciclos, nomeadamente o primeiro. Primeiro ciclo este que concentra as atenções dos ignorantes da realidade por permitir percepções fáceis do carácter ilógico da rede, fruto da existência de um número considerável de escolas com população escolar inferior a dez. No entanto, como provaremos, não é neste ciclo que se joga a batalha do desperdício.

É nos ciclos “segundos”, que o esbanjamento de recursos humanos é absolutamente escandaloso. Como o “post”, A Realidade e os Simulacros, evidencia, o esbanjamento é estrutural, intencional, fruto de uma incapacidade para compreender a real natureza dos problemas que determinam o insucesso escolar e o abandono, nomeadamente.

Nestes ciclos “segundos” a relação adulto/aluno é de um professor para cada seis ou sete alunos, comparada com um para treze ou catorze do norte da Europa, mantendo-se constante, com pequenas variações de escola para escola. No ciclo primeiro, monodocente, temos uma relação de um para vinte, comparável sem grande prejuízo com os parâmetros do resto da Europa, se considerarmos as escolas de pequena dimensão em termos Europeus, ou seja, com duzentos e mais alunos. Esta relação é depois degradada pela existência de um sem número de micro-escolas que existem tão somente, e na maior parte dos casos, por imperativos de política local e de demissão dos serviços centrais face aos interesses eleitoralistas locais.

De tal forma é intencionalmente enviesada a análise destes problemas que em relação ao ciclo primeiro se fazem referências à relação professor/alunos, e em relação aos ciclos segundos se referem sempre as relações turma/alunos.

Fazemos estas referências a propósito de dinheiro porque é em recursos humanos que a quase totalidade do orçamento do ME é gasto. Estas são as realidades, incontornáveis e insofismáveis.

P.S.
Sobre esta problemática não há qualquer referência expressa no programa de governo.

:: enviado por RC :: 3/20/2005 02:55:00 da tarde :: início ::
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