quarta-feira, junho 15, 2005
É o dinheiro, estúpido
Acabou-se as “25 Nações soberanas, amigas e unidas”, acabou-se a “solidariedade para fazer face à mundialização”, acabou-se “a Europa unida com um objectivo comum”. Voltámos a um tema mais prosaico: o dinheiro.
Ou muito me engano ou o Conselho Europeu de amanhã e de sexta arrisca-se a ser a maior “peixeirada” a que o busto de Schuman já assistiu e só é pena que as televisões não sejam autorizadas na sala de reuniões (não haveria nenhuma Quinta das Celebridades que ganhasse em audiências a este Reality Show).
Chirac não quer ser o bombo da festa, de modo que lançou a discussão sobre o “desconto” britânico. Blair contra atacou e admite rever a sua posição se a França aceitar rever a Política Agrícola Comum (a tal que dá subsídios a quem se comprometa a não produzir nada). Sabe muitíssimo bem que Chirac não pode, politicamente, rever a PAC.
Freitas do Amaral diz que a proposta em cima da mesa é inaceitável e que as negociações serão muito difíceis. Não sei se falava a título pessoal ou como Ministro mas deve saber do que fala.
Os condóminos zangaram-se. Estão todos de acordo que é preciso fazer obras no prédio mas ninguém quer pagar. A solidariedade é muito bonita enquanto for apenas um conceito num Tratado Constitucional, quando se trata de abrir o porta-moedas a coisa complica-se.
São estes dirigentes europeus que querem “fazer avançar o processo de integração europeia”, que querem um Ministro dos Negócios Estrangeiros comum, mais poderes de decisão para a Comissão Europeia e um presidente para a UE mas que, na primeira oportunidade, discordam em tudo.
Despida dos grandes ideais, dos grandes princípios e das frases floreadas a UE fica nua e mostra o essencial do que os move a todos: é o dinheiro, estúpido.
:: enviado por U18 Team :: 6/15/2005 02:20:00 da tarde :: início ::