BRITEIROS: “All warfare is based on deception “– Sun Tzu, “The Art of War” <$BlogRSDUrl$>








domingo, julho 10, 2005

“All warfare is based on deception “– Sun Tzu, “The Art of War”

Mário Soares apela ao “diálogo”, o JAM fala do Iraque, outras vozes, incluindo em Inglaterra, apontam o dedo à política dos países ocidentais. Percebo a ideia: se não mexermos no ninho de vespas, não seremos picados. Ou, noutros casos, uma reacção paralela ao chamado síndroma de Estocolmo: uma empatia, nascida da tolerância, por aqueles que nos matam, tentando compreender as suas razões.
Ora, a loucura não se “compreende”, quanto muito trata-se. O “diálogo” com quem nos quer matar serve para quê? Para escolhermos a maneira mais rápida e menos dolorosa de ser mortos?

Faz parte de qualquer manual de guerra que o inimigo deva saber o mínimo possível sobre as nossas intenções. Quem põe bombas em Madrid ou em Londres ou em Bali ou em qualquer outro lugar, não está a enviar nenhuma mensagem sobre o Iraque, está a enviar a mensagem “vocês têm medo de morrer, nós não. Por isso, se quiserem viver, hão-de viver como nós queremos”. Esta gente não tem ódio à “invasão do Iraque”, esta gente tem ódio à maneira como vivemos e como pensamos. Ponto final.
Se as bombas de Londres são motivadas pelo Iraque, as bombas de Bali foram por causa de quê? – o Afeganistão, respondem-nos. Mas se Bali foi devido ao Afeganistão, então o 11/9 foi uma resposta a quê? – a Israel, às bases americanas no mundo e à decadência do mundo ocidental, claro. E podíamos continuar por aí fora.
Se entrarmos nesta lógica, quer dizer que se não tivéssemos invadido o Iraque ou o Afeganistão, se não tivéssemos permitido a existência de Israel, se não tivéssemos feministas, se não tivéssemos filmes pornográficos, se não tivéssemos mini-saias, se não tivéssemos jornalistas independentes, se não tivéssemos democracia, então talvez ..., talvez não pusessem bombas nas nossas cidades.
Deixo uma pergunta: hoje exigem-nos que saíamos do Iraque, deixando o país à mercê da maior concentração de “tarados” que o mundo alguma vez viu, amanhã, quando nos exigirem o impossível, o que é que fazemos?

As bombas de Madrid inverteram, provavelmente, o sentido do voto. É exactamente isso que é grave. Se uma dúzia de assassinos pode inverter o resultado do voto num país democrático, para que é que serve a imprensa, ou liberdades garantidas por Constituições, ou eleições?
A resposta ao terrorismo está em continuarmos a viver como achamos que devemos viver, está em não sacrificar a democracia em nome da segurança e está em não confundir religião e povos com psicopatas. Não evitaremos algumas mortes, mas evitaremos a escravatura.

:: enviado por U18 Team :: 7/10/2005 04:52:00 da tarde :: início ::
5 comentário(s):
  • A minha total concordância para com o "espírito" do post.
    Por isso mesmo, Posada Carriles deverá ser extraditado e não protegido pelos U.S.A.!!!
    A não ser que se aplique, também aos americanos ( no caso cubano ) a intenção ditatorial:
    "Por isso, se quiserem viver, hão-de viver como nós queremos”!!!
    Se assim for, a concentração de "tarados" será bem maior!!

    De Anonymous Anónimo, em julho 10, 2005 7:18 da tarde  
  • Pela parte que me toca, apenas pretendi deixar a mensagem que me parecem tão loucos os bombistas que assassinam os londrinos, os madrilenos ou os novaiorquinos,... como os que assassinam os bagdadenses ou os kabulianos. Estes últimos talvez bastante mais loucos, devido às suas responsabilidades na cena mundial.
    Ainda agora acabei de chegar de uma festa intercultural, em que estavam músicos brasileiros, cabo-verdianos, marroquinos, etiopianos.
    É infinitamente mais bonito afirmar as diferenças culturais através da música, da dança, da gastronomia, ...

    De Blogger JAM, em julho 10, 2005 8:32 da tarde  
  • J.A. : Sem dúvida. Eu nunca disse que as democracias não têm alguns telhados de vidro. Têm, e é exactamente o evitar que esses telhados de vidro existam que nos fará ganhar sobre quem é totalitário.

    JAM: Estamos de acordo que deveria ser assim mas, infelizmente, não é. Mesmo que tenhamos uma opinião diferente sobre o Iraque (não creio que seja assim tão diferente mas isso ficará para outra altura), concordarás comigo em como não gostarias de viver no Afeganistão dos talibans ou no Iraque de Saddam. Também concordarás, decerto, em que há uma pequena diferença entre dirigentes eleitos democraticamente (mesmo que não concordemos com eles), que são responsáveis perante Parlamentos, Senados, imprensa e opinião pública e gente que, apropriando-se ilegitimamente da vontade dos iraquianos, dos árabes, em nome do Islão e de vingar as Cruzadas(!?) e sei lá que mais, declaram todos os kuffar indignos de viver e todo o mundo como Dar-ul-Harb.

    De Blogger U18 Team, em julho 10, 2005 10:20 da tarde  
  • É verdade que os governos americanos (e todos os dos seus satélites na invasão do Iraque) são governos eleitos democraticamente. Mas não é menos verdade que foram eles os principais responsáveis pela subida ao poder dos reinados dos talibãs, no Afeganistão, e de Saddam Hussein, no Iraque. Saddam foi durante muito tempo um agente da CIA (tal como Osama Bin Laden). Tanto Saddam como os talibãs fizeram parte da estratégia americana na luta hegemónica contra os russos e contra os iranianos.
    Os reinados de Saddam e dos talibãs foram reinados ditadores é certo mas, antes de mais, foram ditaduras criadas pela máquina americana. Cuja utilidade (para os americanos) chegou ao fim...
    Todo o resto, sobre a lengalenga da exportação da democracia e a conversão dos países árabes aos regimes democráticos, não passa de cantigas de embalar.
    Cá para mim, marionetes, ... só no velho Teatro dos Robertos da praia da Figueira.

    De Blogger JAM, em julho 10, 2005 11:17 da tarde  
  • "a loucura não se “compreende”, quanto muito trata-se."

    Qualquer médico lhe dirá que tratar aquilo que não se compreende é o primeiro caminho para tratar mal.

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    Sinceramente, essa retórica de que "eles são Loucos" é demasiado fácil, Habituei-me a ler no "Briteiros" coisas bem melhores.(Em compensação gostei de ler os comentário de JAM, achei-os mais bem informados)

    Estou de acordo em considera-los monstruosos. Mas se nos recusarmos a perceber porquê que homens se transformam em monstros capazes de acções deste genero então estamos a permitir que o ciclo de perpetue e então inevitavelmente novos monstros surgirão.

    Acho que é preciso querer compreender as razões que permitem que o fundamentalismo prolifere. E quando digo "compreender" não estou a querer dizer compactuar nem desculpar.

    por exemplo: as razões pelas quais Bin Laden se virou contra o seu anterior amigo EUA (Reagan chegou a receber esse homem na casa branca, considerou-o um freedom fighter, disse que ele era para o mundo islâmico o equivalente moral dos "founding fathers"). As razões compreendem-se historicamente. Mas obviamente não justificam as sua acções: Ele deve responder perante os seus crimes, num tribunal internacional.

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    Voltando a metáfora médica: Perante uma doença, uma infecção grave - como esta é - não basta diagnosticar os sintomas - é preciso identificar o agente biologico (a etiologia), perceber o se mecanismo patologico, como se reproduz, como ganha resistência e que situações favorecem o seu surgimento. Só assim seremos capazes de escolher o antibiótico correcto.

    De Blogger Sacha, em julho 11, 2005 2:38 da manhã  
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