quinta-feira, julho 14, 2005
Onde é que nós já ouvimos isto?
Numa entrevista ao Financial Times, o governador do Banco de França, Christian Noyer, disse que a França deseja inspirar-se no modelo nórdico para as reformas da política de emprego. O facto de um representante francês admitir que outro país possa ter um modelo económico e social melhor que o seu, mostra bem como as coisas mudaram após o Não francês ao Tratado Constitucional europeu.
Noyer explica que as excelentes taxas de crescimento e os baixos valores da inflação nos países escandinavos se devem à forma como esses países souberam harmonizar a flexibilidade do mercado (à inglesa) com um elevado nível de protecção social. E acrescenta, “protecção social não significa segurança do emprego, mesmo quando as empresas vão à falência. Trata-se antes de um verdadeiro acompanhamento durante um período de transição, através de um sistema de formação intensiva que force os trabalhadores a se reconverterem quando perdem o emprego”.
Em relação aos habituais argumentos de que os países escandinavos não fazem parte da zona Euro e estão portanto isentos dos critérios de convergência, Christian Noyer responde que a Finlândia faz parte da zona Euro. A Suécia e a Dinamarca não fazem parte, mas a Dinamarca alinha a sua moeda pelo Euro, o que demonstra que o crescimento económico e a redução do desemprego não têm nada a ver com o regime monetário.
O que é que terão então os nórdicos que são diferentes dos outros?
:: enviado por JAM :: 7/14/2005 08:44:00 da manhã :: início ::
3 comentário(s):
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São nórdicos. A questão é cultural. O rigor faz parte da sua cultura. Acho eu.De Henrique, em julho 14, 2005 11:07 da manhã
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O rigor vem com o planeamento.De , em julho 14, 2005 4:56 da tarde
Eles não são mais inteligentes, eles não são mais trabalhadores, eles não são dotados de superpoderes na arte politico-económica.
Eles planeiam, anticipam, preocupam-se em encontrar soluções.
E nós? Remediamos, criticamos, e pensamos "quando a crise chegar, logo se verá" ou "quando a Comissão nos chamar à atenção então procuramos soluções".
Pois.... questão cultural... e então?
Resposta: "Logo se vê..."
Quando tivermos no fundo do poço, pensaremos em aprender a nadar... -
Penso que é ainda mais que isso. Quando digo que é cultural, penso também em questões sociológicas mais profundas. O Clima, por exemplo. Quando se tem um inverno com o rigor do deles, difícil seria sobreviver sem planear. É algo histórico, algo profundamente enraizado na sua cultura.De Henrique, em julho 14, 2005 11:18 da tarde
Numa terra onde nem o clima é (demasiado) rigoroso, o povo também não se esforça muito por sê-lo.
Acho eu.