segunda-feira, agosto 29, 2005
O jardim à beira-mar plantado está a arder
Não darei nenhuma novidade a ninguém se disser que durante as cinco semanas que acabo de passar em Portugal tive nitidamente a sensação que o país estava todo a arder. Tendo-me deslocado nas zonas norte e centro do país não fiz viagem nenhuma sem acabar a conduzir dentro de uma nuvem de fumo (a ponto de frequentemente ter que acender os médios para ter a certeza que os outros condutores me viam), suportando um cheiro a queimado às vezes no limite do suportável. O meu carro estava frequentemente coberto de uma camada de cinza quando lhe pegava pela manhã. Nos quilómetros que percorri penso que me deparei com mais zonas queimadas que verdes. Confesso que foi a primeira vez que tive a sensação que realmente o país inteiro estava a arder sem precisar de ver a televisão e as imagens choque que normalmente transmite.Durante todo este tempo fui-me perguntando quais seriam as medidas necessárias para acabar com este processo de desertificação do país que se vai agravando de ano para ano e ao qual os homens políticos com responsabilidades governativas parecem indiferentes. Será que as medidas necessárias para acabar ou pelo menos minimizar os incêndios são assim tão difíceis de pôr em prática ? Será que são demasiado onerosas para o orçamento do país?
Recentemente um amigo enviou-me este artigo do José Gomes Ferreira e dei-me conta que com algumas medidas de bom senso, limitar os incêndios e impedir que o nosso país se transforme numa extensão do deserto do Sahara não é assim tão complicado e está perfeitamente ao alcance das autoridades portuguesas.
Agora a questão que me dá voltas na cabeça é porque é que os políticos portugueses continuam a não reagir e a não tomar as medidas que se impõem ?
Será apenas por inércia política? Ou será para não defraudar os diferentes interesses económicos que se encontram por detrás desta queima sistemática do país? Se for este o caso, de certeza que acreditam que com a desertificação vêm sistematicamente os petrodoláres. Porque a não ser assim, continuo a não entender.
:: enviado por Anónimo :: 8/29/2005 10:02:00 da manhã :: início ::
1 comentário(s):
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É indignante e revoltante!De , em agosto 30, 2005 9:16 da manhã
Mas será que há dúvidas que há membros daadministração pública com interesses financeiros?
Governo, autarquias, freguesias, institutos,...
Imagine-se uma empresa que tem possibilidades de forçar os comsumidores a comprar os seus produtos. Não será tentador fazer esse "forcing"? Claro que nesse caso há que lhe retirar o mercado!
Impressionante o país que temos....