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terça-feira, outubro 25, 2005

Estado de medo

No seu célebre e provocador thriller “State of Fear”, Michael Crichton desenvolve a tese do falso medo como técnica de dominação dos cidadãos ou, no caso actual, dos consumidores, constantemente hipnotizados por toneladas de informações alarmantes. A metáfora de Crichton critica os propósitos dos agoireiros apocalípticos que pretendem impor-nos um estado de medo permanente que acaba por instalar no mundo a cultura do pânico. Antrax, ameaças de bomba, armas de destruição maciça, vacas loucas, frangos com dioxinas, vírus do Nilo, desastres naturais, acidentes trágicos, incêndios devoradores, inundações terríveis, doenças que julgávamos extintas...
Agora é a gripe das aves que, no pior dos seus cenários, se poderia transformar numa pandemia capaz de matar milhares de pessoas num simples golpe de ar. Segundo Crichton, quando não encontramos um inimigo à nossa altura, acabamos por imaginá-lo e criá-lo à nossa imagem e semelhança, por forma a que o pânico acabe por dominar-nos a alma muito para além do sentido racional que temos das coisas.
Há que saber fazer a distinção entre o alarme que se deve pedir a uma população, perante um determinado perigo, e a propagação do pânico gratuito que desenvolveria a histeria colectiva irracional e instalaria a patologia do pânico, que do medo faz novos medos, os mesmos temores que acabam por limitar-nos e levar-nos à beira da destruição.
Esse Estado de Medo que descreve Crichton não pertence apenas ao mundo da ficção. Sofrem-no milhões de seres humanos em todo o mundo. Sabem-no os neurologistas, os cardiologistas, os psicólogos e os psiquiatras. E, de uma maneira geral, todos aqueles que sofreram alguma vez do contacto com o vírus do pânico.

:: enviado por JAM :: 10/25/2005 11:18:00 da manhã :: início ::
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