quinta-feira, novembro 03, 2005

Coutada privada

As autoridades americanas recusam-se firmemente a partilhar o controlo da Internet, apesar das insistências das Nações Unidas e da União Europeia. Os americanos acham que só eles devem conservar esse poder, enquanto inventores da rede e garantes da liberdade no mundo.
Destinada a discutir o assunto, a segunda fase da Cimeira Mundial sobre a Sociedade de Informação, a organizar em Tunes, de 16 a 18 de Novembro, sob a égide das Nações Unidas, poderá muito bem ser o teatro de mais uma rixa internacional. O Washington Post avança que o que vai estar verdadeiramente em jogo na cimeira é saber até onde poderá ir o controlo dos Estados Unidos sobre as malhas da Internet. As divergências já se fizeram sentir na reunião preparatória da cimeira, nos finais de Setembro, em Genebra.
Se vocês entrarem no site da ICANN, ficarão com a ideia que Washington não exerce qualquer controlo sobre as suas actividades. A ICANN, sociedade privada, situada na Califórnia, é a única entidade habilitada a atribuir nomes de domínios e endereços IP, necessários à ligação dos sites à rede. Mas o Washington Post lembra que, dado que o ICANN trabalha sob contrato com o ministério do Comércio americano, a supremacia de Washington não se fará apenas sobre as routers e os cabos, mas também sobre os próprios valores da Internet.
É caso para perguntar, como é possível que uma tecnologia tão fabulosa – sem a qual vocês não estariam agora a ler estas linhas – esteja em risco de se tornar num tal pomo de discórdia?