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quarta-feira, novembro 02, 2005

Pasolini, 30 anos depois

Os seus filmes encantaram os cine-clubes da nossa juventude. Ao ilustrar contos como “Decameron” de Boccaccio, “Contos de Cantuária” de Chaucer ou “As mil e uma noites”, Pasolini proclamava o seu amor irreverente pela liberdade e impunha-nos um cinema rutilante onde se cruzam as figuras mais incomparáveis e as situações mais burlescas.
Desenhador, poeta e escritor de talento, jornalista irreverente, cronista intratável e o enorme cineasta que todos conhecemos; excluído do PC, constantemente arrastado ante os tribunais, odiado e adorado, esse homem, próximo das ideias de António Gramsci, esse “intelectual orgânico” decididamente empenhado na sua época, foi o demiurgo incómodo da Itália pós-fascista, da reconstrução, da dolce vita e dos anos de chumbo.
No dia 2 de Novembro de 1975, numa praia da Ostia, perto de Roma, Pier Paolo Pasolini foi barbaramente assassinado em condições obscuras. Um jovem prostituto de 17 anos, Pino Pelosi, que ele tinha apanhado na estação de Roma, foi condenado a nove anos de prisão pelo assassinato, após ter confessado o crime.
Trinta anos depois, numa emissão de televisão na RAI-3 em Maio passado, Pelosi disse que outras três pessoas, para além dele, foram responsáveis pelo homicídio, reacendendo a versão mais consensual segundo a qual o cineasta terá sido assassinado por motivos políticos. Pasolini estorvava. Tinha recebido várias ameaças de morte, sobretudo após o seu último filme “Saló ou os 120 Dias de Sodoma”, que denunciava ferozmente os últimos momentos do fascismo...
Para os italianos, a morte de Pasolini terá sido um traumatismo tão grave como o do caso Aldo Moro. 30 anos depois, a única certeza é que a tinta ainda não parou de correr sobre essa ferida.

:: enviado por JAM :: 11/02/2005 12:26:00 da manhã :: início ::
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