quinta-feira, dezembro 01, 2005
Dia Mundial da sida
Apesar da iniciativa 3x5 (tratar três milhões de pessoas até ao final de 2005), que permitiu alguns progressos no acesso aos tratamentos nos países mais pobres (nomeadamente na África subsariana) o objectivo não será atingido. Os números anuais da epidemia, publicados na semana passada pela ONUSIDA, mostram que a quantidade de novas contaminações atingiu mais um record: mais de cinco milhões de pessoas terão contraído o vírus este ano. Com a agravante que, em muitos países, se desconhecem ainda os meios para prevenir a exposição à doença.
Assistimos nos últimos anos ao abaixamento radical do custo das triterapias, que passaram de mais de dez mil dólares anuais por paciente, para 150 dólares, mas o certo é que cada vez mais ONGs se inquietam com o preço extremamente elevado dos medicamentos mais modernos. Na ausência de economias de escala previsíveis, os industriais dos genéricos não fizeram quaisquer investimentos para copiar os tratamentos de segunda linha. Vários países africanos solicitaram uma suavização das regras antes da sua ratificação definitiva, mas por enquanto nem os Estados Unidos nem a Europa pretendem ceder.
Para que a prevenção seja efectiva, é necessário um esforço económico dos governos, proporcional ao que é feito pela investigação biomédica com os tratamentos disponíveis. O mesmo rigor utilizado em relação aos avanços da medicina deveria utilizar-se na prevenção. Para que não caia em saco roto a estimativa de que, se forem aplicadas correctamente todas as medidas preventivas recomendadas, se poderiam evitar 28 milhões de infecções, nos próximos dez anos. Sem prejuízo das estratégias para universalizar o acesso aos antiretrovirais, o ditado mais vale prevenir que remediar continua a fazer todo o sentido.
:: enviado por JAM :: 12/01/2005 03:13:00 da tarde :: início ::