domingo, janeiro 15, 2006
Combater o terrorismo, ou alimentá-lo?
Não há dúvida que o terrorismo, que tem cegamente por alvo populações civis indefesas, não pode deixar de suscitar a nossa mais veemente condenação. Também não há dúvida que a vida e a segurança constituem direitos essenciais dos cidadãos e que, por isso, os Estados têm todo direito e o dever de tomarem medidas apropriadas para assegurarem a sua protecção. Mas, é preciso ser-se muito cego para não ver que a multiplicação das medidas e das práticas antiterroristas levadas a cabo nos últimos cinco anos não contribuíram em nada para erradicar o terrorismo que, bem pelo contrário, não pára de se desenvolver.E não só o terrorismo continua a ser uma ameaça em vias de expansão, como também as liberdades individuais dos cidadãos e dos povos, quando não as suas próprias vidas, se encontram cada vez mais ameaçadas pelas acções antiterroristas. As principais vítimas dessas acções alucinadas têm sido, cada vez mais, não os terroristas, mas os cidadãos e as democracias.
O último episódio desse crescente devaneio aconteceu ontem no Paquistão onde um bombardeamento da aviação norte-americana contra a aldeia paquistanesa de Damadola, na zona tribal paquistanesa junto à fronteira com o Afeganistão, matou pelo menos dezoito pessoas, incluindo mulheres e crianças. Diz a Reuters que o alvo era o egípcio Ayman al-Zawahri, “número dois” da Al Qaeda, que, segundo a CIA, tinha recebido um convite para jantar naquela zona.
As vítimas, desta vez, foram inocentes cidadãos do Paquistão, um aliado preferencial da Casa Branca, na Ásia e na luta contra o terrorismo.
:: enviado por JAM :: 1/15/2006 10:12:00 da tarde :: início ::