BRITEIROS: O gás é uma arma <$BlogRSDUrl$>








segunda-feira, janeiro 02, 2006

O gás é uma arma

O camarada Vladimir Putin resolveu castigar a Ucrânia pelas suas veleidades pró-ocidentais. Exige que lhe paguem preços internacionais pelo gás que lhes fornece e, como alternativa humanitária, oferece-lhes um crédito envenenado. O presidente Yushchenko sabe bem que longe da mãe Rússia faz muito frio e que não é por acaso que a subida do preço do gás foi anunciada em pleno Inverno. Sabe também que se decidiu fazer entrar o seu país na NATO e aproximá-lo o mais possível da União Europeia, está visto que terá que resignar-se a pagar o preço da liberdade.
A Rússia é o primeiro produtor mundial de gás. O camarada Putin, que tem intenções de dar um novo brilho ao Império russo, empenhou-se para isso numa reconquista dos hidrocarbonetos do seu país, com determinação e sem escrúpulos, como se viu pela prisão do proprietário da gigante petrolífera Ioukos, com o objectivo de assegurar a sua desnacionalização parcial.
O camarada Putin faz também pressão sobre a Lituânia, para que compre o gás russo em vez do do Casaquistão. Projecta mesmo construir uma conduta sob o Báltico em direcção à Alemanha, para desviar da via ucraniana. Foi para dirigir esse projecto que contratou Gerhard Schröder logo que este deixou a chancelaria de Berlim.
Na próxima cimeira do G8, que terá lugar em Moscovo, o camarada Putin pretende apresentar-se como um parceiro fiável e sustentável para o fornecimento energético da Europa e dos Estados Unidos. Ou seja, um fornecedor de peso. É preciso que os europeus não se esqueçam disso.

:: enviado por JAM :: 1/02/2006 12:37:00 da tarde :: início ::
4 comentário(s):
  • Porque é importante haver contraditório...

    15:21 2006-01-02

    CRISE DE GÁS: MINISTRO BRITÂNICO CULPA A RÚSSIA

    Se houvesse necessidade de apresentar provas que o ocidente em geral, e o Reino Unido em especial, são russofóbicos, então o ministro de energia do Reino Unido acaba de providenciar um exemplo brilhante, afirmando que a disputa acerca do gás com a Ucrânia coloca a reputação da Rússia como fornecedor estável em questão. Poder-se-ia argumentar que o incêndio e explosão no terminal de combustível ao norte de Londres recentemente, que provocou uma quebra no fornecimento de gasolina por toda a região sul da Inglaterra, coloca em questão a reputação britânica como fornecedor estável de petróleo.

    Numa entrevista com o Canal 5, o ministro britânico de energia fez a afirmação delirante que a reputação da Federação Russa como fornecedor fiável de gás pode estar em questão devido à crise actual com a Ucrânia e pediu que a Rússia faça todos os esforços para resolver a questão. Será que ainda sofre dos efeitos do Ano Novo?

    Ou esse ministro, ou espécie de ministro, não tem qualquer ideia sobre a realidade ou então foi cegado pelo ódio a correr nas veias em círculos ocidentais influenciados por décadas de mentiras acerca da Guerra Fria que sua visão está nublada – o que quer dizer que em qualquer dos casos, as qualidades pessoais deste ministro não são compatíveis com a sua função, por ser incompetente e insolente.

    Informamos Malcolm Wicks que a Rússia cumpre em pleno todos os termos de todos os contratos que assinou na área de energia e em todos os assuntos e obrigações internacionais.

    Informamos Malcolm Wicks que é a Ucrânia que rouba o gás: uma quantia no valor de 25 milhões de USD, 40% do conteúdo no gasoduto que atravessa o território da Ucrânia e leva o gás à Europa Ocidental, desde Domingo. Aleksandr Medvedev, vice Preisdente da Gazprom, afirmou hoje que a Ucrânia tirou 100 milhões de metros cúbicos de gás nos 24 horas depois da interrupção do fornecimento de gás como consequência da recusa pela Ucrânia de pagar um preço justo pelo combustível.

    Informamos Malcolm Wicks que a Ucrânia quer tudo – pagar preços russos para bens russos, enquanto se distancia de Moscovo, faz afirmações hostis, se vira e deixa levar com tudo que o ocidente quer, incluindo uma política externa ditada por Washington e a União Europeia. Tendo pago apenas 50 USD por 1000 metros cúbicos, quando o preço de mercado é de 230/240 USD, é natural que agora Kiev assuma as posições que tomou. Afinal, quem entra na cama cheia de pulgas é mordido. Quis entrar na cama com o ocidente, muito bem. Então, paga os preços que o ocidente paga. Caso contrário, que vá arranjar o gás noutro lugar.

    Informamos Malcolm Wicks que a Rússia ofereceu a continuar os fornecimentos de gás aos preços de 2005 durante o primeiro trimestre de 2006, na condição de Kiev assinar o novo contrato aceitando os preços de mercado. Kiev se recusou.

    Informamos Malcolm Wicks que a Rússia ofereceu à Ucrânia um empréstimo de 3,6 biliões de USD para ajudar a financiar as suas importações de gás em 2006 – mas a Ucrânia se recusou.

    Se a Ucrânia está a roubar o gás que atravessa o seu território com destino ao ocidente, então sugerir-se-ia que Malcolm Wicks pegue num telefone e marque 380 (Ucrânia) e não 7 (Rússia). E se a Ucrânia se recusa a pagar um preço justo pedido pela Rússia por bens russos, que de qualquer maneira é mais barato que o preço pago pela União Europeia, isso é um assunto para ser resolvido por Moscovo e não Londres.

    Timothy BANCROFT-HINCHEY
    PRAVDA.Ru

    De Anonymous Anónimo, em janeiro 02, 2006 8:59 da tarde  
  • Não tenho nada contra o contraditório, mesmo quando ele parece nitidamente anedótico. Certamente, ninguém estaria à espera de ver o Pravda dar um puxão de orelhas ao camarada Putin.

    É evidente que, segundo as teorias dos mercados competitivos e do livre comércio (curiosas expressões estas, aplicadas à Rússia), aquele que vende é livre de fixar o seu preço, e aquele que compra é livre de mudar de fornecedor, se não estiver de acordo com o preço pedido. Mas só não compreendo uma coisa : porquê agora, numa altura em que a natureza é francamente madrasta para os ucranianos, com temperaturas negativas em Kiev (-12° esta semana), porquê agora a decisão de fechar a torneira e aumentar os preços de uns esdrúxulos 480% ? Não será esta aberração a evidência de que, entre a Rússia e a Ucrânia, estão em jogo muito mais do que simples regras de competitividade e de comércio livre?

    Depois, a Rússia diz que aumentou os preços porque a Ucrânia rouba o gás. Parece-me igualmente uma acusação demasiado infantil. Tão séria como a condenação do ex-patrão da Ioukos, Mikhaïl Khodorkovsky, primeiro a nove anos de prisão e depois a oito, no recurso, por fraude fiscal, numa das maiores paródias da “justiça” russa do pós glasnost.

    De Blogger JAM, em janeiro 03, 2006 11:45 da manhã  
  • JAM

    Parece que ainda não descobriu que este pravda não é o pravda de antigamente e que quem assina este texto é um correspondente deles britânico que vive em Cascais. Mas já agora, se me puder explicar, qual a lógica de a Ucrânia tanto ter feito para adquirir o estatuto de economia de mercado e agora querer energia subsidiada pelos russos?

    De Anonymous Anónimo, em janeiro 03, 2006 3:02 da tarde  
  • A César o que é de César. Se o gás é russo é a Rússia que fixa o preço. E mais nada!

    De Blogger IAS, em janeiro 03, 2006 3:49 da tarde  
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