segunda-feira, fevereiro 13, 2006
Para não queimar as pontes
Vladimir Putin quis ser o primeiro a estender a mão ao Hamas, controverso mas legítimo vencedor das eleições palestinianas. Pragmático, oportunista e, como todos os russos, jogador de xadrez, Putin pretende com isso recuperar uma posição chave no intrincado tabuleiro do Médio Oriente. Assim, melhor do que estigmatizar o Hamas, como fizeram Estados Unidos e Europa, o convite dirigido ao movimento islamita palestiniano procura persuadir a comunidade internacional de que a Rússia só aceita namorar com os países do eixo do mal se, e só se, for para os fazer entrar nos eixos.
Compreende-se que este novo papel de pomba da paz a que se arroja Putin possa chocar o mundo ocidental. Mas os russos não têm cura. Nem vêem contradição entre a firmeza do seu presidente em face dos “terroristas” chechenos e a “tolerância” agora manifestada diante do Hamas. No entanto, independentemente da defesa dos seus próprios interesses económicos, a Rússia tem todo o direito, enquanto membro do Quarteto de mediadores, de fazer de cavaleiro solitário, desde que a iniciativa contribua de facto para fazer avançar a causa da paz no Médio Oriente.
:: enviado por JAM :: 2/13/2006 07:57:00 da tarde :: início ::