terça-feira, março 28, 2006
Incerteza e apatia
A avaliar pelas sondagens, as eleições de hoje deverão dar origem a mais um executivo instável. O Likud deixou de ser um partido bloqueado pelos conflitos internos após a saída de Sharon. O partido trabalhista deixou de se resignar a ajudar a manter no poder Sharon. O Kadima deixou de estar na posição contraditória em que o deixou Sharon: determinado a manter as fronteiras de Israel, sem parceiro com quem negociar, mas sem desejar agir unilateralmente. Tudo indica que, tal como das outras vezes, o partido vencedor não vai poder governar sem apoios.Como escrevia na Sexta-feira o jornal HAARETZ, próximo dos trabalhistas, “estas eleições são um referendo. Quem quiser perpetuar o controlo de Israel sobre o povo palestiniano que vote nos partidos de direita. Quem admirar Olmert, que se apresenta às eleições com o plano da retirada de uma boa parte dos colonatos da Cisjordânia, deve votar no Kadima, nos trabalhistas ou no Meretz, que também apoiam esse plano. Nestas eleições, toda a apatia, todo o alheamento, toda a imaturidade, toda a exigência de objectivos politicamente inatingíveis poderão facilmente dar a vitória à direita”.
A direita que quer continuar a destruir a Palestina. E a esquerda que quer continuar a reparti-la... mas à sua maneira. Por isso, independentemente dos resultados destas eleições, vai sem dúvida continuar a guerra dos buldozeres. Uma guerra total, feita não apenas contra as populações, mas contra o próprio território. A ilusão do Kibutz, em vez de transformar o deserto num jardim, está a transformar os jardins em deserto e destruição.
:: enviado por JAM :: 3/28/2006 10:02:00 da manhã :: início ::